São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Quércia investe no interior para tentar sair do ostracismo

Políticos de cidades pequenas lançam ex-governador para 98

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Orestes Quércia sonha reconquistar o governo paulista a partir dos grotões do Estado. A estratégia ficou clara ontem durante churrasco promovido por Quércia para correligionários do PMDB.
Foi talvez a maior concentração recente de "ex" da política paulista. Ex-prefeitos de cidades minúsculas, ex-vereadores idem, ex-deputados etc compareceram à festa para lançar a candidatura Quércia ao governo paulista em 98.
O anfitrião aproveitou a senha. "Nós vamos buscar o governo de São Paulo de volta para o PMDB."
Os discursos, quase todos com o sotaque carregado do interior paulista, clamaram pela volta de Quércia ao Palácio dos Bandeirantes.
"Quércia sempre", gritou, por exemplo, o vereador Osmar de Rosis, que se anunciou como representante de Uru (450 km a noroeste de São Paulo), "a menor cidade de São Paulo".
No final, Quércia divulgou que cerca de 800 peemedebistas aceitaram o convite para o evento. O ex-governador, no discurso em que anunciou a intenção de concorrer em 98, criticou a política econômica do governo federal.
O episódio Banespa, banco sob intervenção, não foi superado por Quércia. "Nunca vi gente mais safada e canalha que essa do Banco Central", declarou sobre a situação do banco estatal paulista. Os tucanos atribuem o descontrole do caixa do Banespa à gestão quercista (87 a 90). Ontem, a assessoria do BC evitou comentar as declarações do ex-governador.
Traição
Em entrevista, Quércia criticou a recente adesão da bancada estadual do PMDB ao governo tucano de Mário Covas. "Fica uma imagem ruim na opinião pública."
Para combater o "adesismo" o ex-governador pretende viajar pelo interior do Estado a partir de 97, a fim de tentar garantir sua hegemonia no PMDB, hoje mais ameaçada do que nunca.
A presença no churrasco de deputados que votaram pelo acordo com Covas despertou entre vários quercistas o bem-humorado comentário de que se vivia ali uma versão caipira da "Última Ceia".

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