São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Obras atrasadas agravam enchentes

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A omissão das administrações municipal e estadual agravará as enchentes e suas consequências na cidade de São Paulo neste verão.
O rio Tietê, a principal destino dos córregos e rios secundários da cidade, não é desassoreado há nove meses e já apresentou pontos de transbordamento esta semana.
As principais obras da prefeitura no combate às enchentes só ficarão prontas a partir de março, no final da época das chuvas.
A limpeza de bueiros também é um problema para as autoridades, já que a previsão para o final do ano é de aumento na produção de lixo, o que deve provocar um número maior de bueiros entupidos.
Para completar o quadro, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) prevê um verão típico -indicativo de muita chuva.
O governo do Estado diz que pretende fazer um desassoreamento de emergência, e a prefeitura diz que as obras estão em andamento (leia texto abaixo).
Até mesmo as providências que não dependem de obras foram deixadas de lado. O relatório da Defesa Civil Municipal que mapeia as áreas de risco de inundação e deslizamento está defasado -o último foi feito no verão de 94/95 (leia texto nesta página).
"Não há dúvidas de que teremos sérios problemas com as chuvas neste verão, já que a cada ano aumenta a impermeabilização do solo e a água chega mais rápido às regiões mais baixas da cidade", afirma o professor de hidrografia do Departamento de Geografia da USP (Universidade de São Paulo), João Cipriano de Freitas, 65.
Para ele, a principal causa dos problemas é a falta de uma política conjunta de ações. "As administrações sempre fizeram obras pontuais em ações independentes."
Projeto engavetado
O secretário de Estado dos Recursos Hídricos, Hugo Marques da Rosa, e o prefeito eleito Celso Pitta tiveram um encontro na noite da última terça-feira para discutir a questão das enchentes.
Eles decidiram implementar o "Plano de Macrodrenagem" já no próximo ano, projeto que está engavetado há meses.
A idéia é reter a água das chuvas no local de origem e impedir que ela chegue rapidamente aos principais rios da cidade, evitando os crônicos pontos de inundação.
Pelo projeto discutido esta semana, a prefeitura se propõe a financiar os estudos técnicos para o projeto -a um custo de aproximadamente R$ 8 milhões.
O governo Covas dividirá a conta das obras com a prefeitura. Segundo técnicos da administração estadual, ainda não há estimativa da verba necessária para o projeto.

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