São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Desculpas

EDUARDO OHATA

O norte-americano Riddick Bowe decepcionou seus fãs em julho, quando enfrentou o polonês Andrew Golota, o mesmo com quem luta amanhã.
Um dos melhores pesados do mundo, Bowe estava à beira de sofrer um nocaute, quando o adversário foi desqualificado por desferir golpes baixos.
Bowe rapidamente inventou uma justificativa para a péssima atuação. "Havia comido carne no dia anterior, o que me deixou lento e descoordenado".
O exemplo de Bowe não é um caso isolado. Por mais ridículas que sejam, as desculpas são um elemento intrínseco ao boxe.
"Para subir ao ringue, o lutador deve imaginar-se invencível", observou Jack Dempsey, o legendário campeão dos pesados do início deste século.
As desculpas protegem o ego do lutador, preservando a sensação de invulnerabilidade. Assim, para cada derrota, sempre há uma justificativa.
Até mesmo Roberto Durán, o machismo personificado, já lançou mão desse recurso.
Novembro de 81, a revanche com Sugar Ray Leonard, de quem Durán havia tomado o título dos meio-médios. Frustrado pela movimentação do adversário, Durán desiste no oitavo assalto. Uma dor de estômago -e não Leonard- provocou a derrota, explica Durán.
O supercampeão Julio Cesar Chávez também não consegue engolir os resultados negativos.
O veterano Frankie Randall, que chegou a derrubar o ídolo mexicano, só venceu porque "o árbitro prejudicou". E o corte que determinou a paralisação do combate com o jovem Oscar De La Hoya foi, acredite se quiser, "causado por meu filho".
Há dois anos, o valentão James Toney perdeu o título dos supermédios para Roy Jones. Mais tarde, Toney, um ex-líder de gangue, acusou a frágil empresária Jackie Kallen de "forçá-lo" a lutar gripado...
Após o Bowe-Golota de amanhã, mais uma história curiosa passará a enriquecer o folclore.

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