São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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Israelense mata palestino 'por engano'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um agricultor israelense matou ontem a tiros um trabalhador palestino em um vilarejo do sul do país. Segundo a polícia, Uri Maor, 56, disparou contra um grupo de palestinos que se aproximava de sua propriedade por temer um ataque terrorista.
"Ouvi vozes em árabe e pensei que fossem terroristas. Gritei para que eles parassem. Eles correram e eu atirei", disse Maor, que está preso. O incidente ocorreu na aldeia de Kochav Michael.
Samir Abu Shaqfa, 40, morreu na hora. Palestinos disseram que outros três trabalhadores foram feridos, mas a informação não foi confirmada por Israel.
Segundo membros da família de Shaqfa, ele foi morto para vingar a morte de uma colona judia e de seu filho de 12 anos. O atentado ocorreu anteontem em Surda, perto de Ramallah.
Segundo a agência de notícias israelense "Itim", Shaqfa foi levado na manhã de ontem de Gaza para Qiryat Gat por um vizinho do autor dos tiros. Ele tinha autorização para trabalhar em Israel.
A agência de notícias palestina acusou o governo do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, de encorajar o ataque.
"O assassino não era um louco, mas alguém que foi encorajado e induzido a agir. Ele sabe que sua sentença será a honra e que, talvez, seja listado entre os heróis de Israel", disse a agência "Wafa".
O grupo radical FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), assumiu a autoria do ataque de anteontem contra uma família de colonos israelenses.
"Confirmamos nossa responsabilidade pelo ataque, que é parte da política da FPLP de lutar contra colonos onde quer que estejam", afirmou um porta-voz do grupo.
Ele disse que os planos israelenses de construir 132 casas para judeus em Jerusalém Oriental significam uma declaração de guerra.
Promessa
Netanyahu, por sua vez, esteve no enterro das vítimas do atentado, em Beit El, e prometeu construir mais assentamentos.
Ele disse que "as raízes do povo judeu estão na terra de Beit El. Essas raízes não só não serão arrancadas como vão se aprofundar".
Os autores do ataque fugiram para uma área sob controle palestino. Israel quer ter o direito de perseguir em áreas palestinas suspeitos de crimes ocorridos em seu território, o que tem gerado impasse nas negociações para a retirada militar de Hebron.
Um porta-voz dos colonos exigiu que o governo de Israel dê uma "resposta sionista" à morte dos colonos. Ele disse que se o governo não der autorização para a expansão dos assentamentos, os colonos o farão por conta própria.
O ministro da Justiça palestino, Freih Abu Meddein, disse que o atentado de anteontem foi um "presente de Natal" para Israel.
Segundo ele, a ação será uma desculpa para retardar o processo de paz e continuar pressionando os palestinos.

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