São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 1996
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INFÂNCIA CARENTE

O último relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sobre mortalidade infantil coloca novamente o Brasil numa típica situação de nação do Terceiro Mundo.
Segundo o órgão, o país apresentou, em 1995, uma taxa de mortalidade de crianças até cinco anos de idade de 60 por mil. Apesar de uma pequena melhora em relação ao número de 94 (61) e de não chegar perto de paupérrimas nações africanas -como Angola (292), Moçambique (275) e Libéria (216)-, o Brasil ainda não pode gabar-se de seu resultado.
Num ranking que reuniu 150 nações, o país ficou na 63ª posição, com um quadro pior do que Vietnã (45), El Salvador (40), Colômbia (36) e a devastada ex-república iugoslava da Bósnia-Herzegóvina (17). A situação brasileira é muito semelhante às de nações que, além de pobres, foram recentemente ou ainda são palcos de sangrentas guerras civis, como Nicarágua (60) e Argélia (61).
Apesar de sua situação pouco meritória, o Brasil apresenta vantagens em relação a outros países, o que foi corretamente destacado por membros do Unicef e da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que anunciaram os resultados.
O chamado Terceiro Setor brasileiro teve seu trabalho reconhecido pelas duas entidades, com elogios ao Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, ao Projeto Axé e à Fundação Abrinq. Logicamente, tais grupos -além de outros, de importante atuação na área- não resolverão o problema da infância brasileira sozinhos. Mas, pelo menos, já existe um sentimento de que a sociedade organizada -e não apenas o Estado- pode e deve colaborar.
Da parte do governo, resta demonstrar competência, com uma administração eficiente de verbas em favor da população de baixa renda. Tal aspecto foi inclusive destacado pela representante adjunta do Unicef no Brasil, para quem os recursos são suficientes, mas "a alocação é ruim". É mais do que chegada a hora de o poder público conscientizar-se disso.

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