São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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BC retoma apuração de negócio feito por Pitta

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O BC (Banco Central) retomou, nos últimos dez dias, as investigações sobre a negociação de títulos da dívida pública da Prefeitura de São Paulo na gestão de Paulo Maluf (PPB). A compra e venda dos papéis foi realizada quando o prefeito eleito Celso Pitta (PPB) era secretário de Finanças.
O período coincide com o vazamento da lista de integrantes da direção do PPB que têm débitos junto ao Banco do Brasil.
Durante a campanha eleitoral deste ano, a suspeita de irregularidades na negociação foi utilizada como arma política contra Pitta, porque a operação teria resultado em prejuízo de R$ 1,7 milhão aos cofres da prefeitura.
Os fiscais do BC solicitaram, e já obtiveram, todos os documentos referentes à operação que estavam em poder da Paper Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, que opera no mercado carioca.
O BC quis saber para quem a Paper vendeu os papéis, se ficou com os papéis ou se os repassou imediatamente. A distribuidora teria negociado os papéis no mesmo dia, segundo a Folha apurou.
A fiscalização não foi uma operação de rotina, em que todos os papéis da distribuidora de valores são vistoriados e os técnicos do BC se instalam na empresa.
Os fiscais queriam especificamente os documentos da operação com os títulos paulistanos emitidos em 1º de dezembro de 1994.
A Paper é a segunda distribuidora na cadeia de venda das LFTMs (Letras Financeiras dos Tesouro Municipal) de São Paulo. A primeira, a Contrato, negociou diretamente com a prefeitura.
A Contrato, de propriedade de João Gualberto Teixeira de Mello, parou de operar no mercado financeiro. À época, a empresa vendeu para a Paper títulos vencíveis em 1995 por R$ 52,07 milhões, depois de tê-los comprado da prefeitura por R$ 53,50 milhões.
Em seguida, a prefeitura vendeu para a Contrato títulos vencíveis em 1997 por R$ 51,74 milhões e os recomprou, no final do dia, por R$ 53,50 milhões, o que teria causado o prejuízo de R$ 1,7 milhão.
À época, Mello afirmou que a operação significava uma colocação no mercado de títulos de curto prazo (vencimento em 1995) e um giro de papéis de longo prazo (vencimento em 1997). Ele disse, ainda, que não lhe cabia analisar os motivos do negócio.

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