São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Corrupção em regionais gira R$ 20 mi/mês

RICARDO FELTRIN
VICTOR AGOSTINHO

RICARDO FELTRIN; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dinheiro viria de compras superfaturadas e propinas pagas por camelôs e donos de imóveis irregulares

A corrupção nas 26 Administrações Regionais de São Paulo movimenta por volta de R$ 20 milhões por mês, segundo dados obtidos pela Folha junto à prefeitura e a ex-secretários da pasta.
O dinheiro da corrupção, afirmam esses ex-secretários, que pedem para não ser identificados, vem da cobrança de propinas de camelôs, "venda" de locais para o comércio ambulante, do recebimento de dinheiro por fiscais para que não façam autuações em imóveis irregulares e com o superfaturamento de pequenas compras que não atingem o limite necessário para que sejam feitas por meio de licitação.
Para que uma compra ou serviço sejam feitos mediante licitação é necessário que o valor seja superior a R$ 598 mil.
A disputa pelo controle das Administrações Regionais gerou uma crise entre o prefeito eleito Celso Pitta, que ameaça intervir em algumas, e vereadores do PPB (leia texto abaixo). Historicamente, os parlamentares governistas são os responsáveis pela indicação dos administradores regionais.
73% do orçamento
O "bolo" anual de corrupção atingiria R$ 240 milhões. Tal montante representaria cerca de 73% do orçamento que será destinado à Secretaria das Administrações Regionais para 97: R$ 324 milhões.
No primeiro semestre, durante a CPI dos Ambulantes na Câmara Municipal, o ex-secretário das Administrações Regionais Francisco Nieto Martin -hoje na de Abastecimento- declarou à comissão que estimava que apenas a corrupção contra ambulantes na cidade atingiria por volta de R$ 100 mil por dia, incluindo sábados (média mensal de R$ 2,4 milhões).
A comissão apontou indícios de que pelo menos dois administradores regionais e um grupo de fiscais teriam montado um esquema de cobrança de propinas dos ambulantes no centro de São Paulo.
As conclusões da CPI foram enviadas ao Ministério Público e à polícia, que investigam o caso atualmente.
Outro lado
O secretário das Administrações Regionais, Arthur Alves Pinto (PL), informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria as denúncias de corrupção em regionais.
Segundo a assessoria, foram feitas 19 denúncias de corrupção à secretaria em um ano e meio. Só uma investigação está concluída.

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