São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Valor de pensão é imoral, diz advogada

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A advogada Rita de Cássia Lins e Silva considerou "imoral" o valor da pensão de um salário mínimo mensal, aprovado anteontem pelo Senado em favor dos parentes dos mortos após passar por hemodiálise em Caruaru (PE).
Rita de Cássia reivindica na Justiça o pagamento de indenizações que variam de R$ 300 mil a R$ 1,5 milhão.
A advogada representa 87 parentes de mortos e ex-pacientes do IDR (Instituto de Doenças Renais) de Caruaru, clínica onde as vítimas realizavam o tratamento de hemodiálise.
"A iniciativa de conceder o benefício não é negativa, mas o valor estipulado não atende às necessidades", disse a advogada.
Segundo Rita de Cássia, a concessão da pensão não isenta o governo de eventuais responsabilidades judiciais.
Alívio
Para Zeneide Trajano Vieira, viúva do industrial Pedro Vieira Neto, morto aos 59, após ser submetido a sessões de hemodiálise no Instituto de Doenças Renais, a pensão "é pouca, mas vai servir para aliviar a situação de muitas famílias".
"Dos males, não foi o pior", disse ela. "Pelo menos, o governo reconheceu sua culpa no caso e o direito dos parentes à pensão", afirmou Zeneide.
A viúva disse que, pessoalmente, os R$ 112 "não alteram" sua situação econômica.
Antes da morte do industrial, afirmou, a renda da família era de R$ 6.000 mensais. Hoje, segundo ela, é de R$ 800.
Zeneide Vieira lidera um grupo de 30 famílias de ex-pacientes mortos que reivindica na Justiça indenização ao Instituto de Doenças Renais e aos governos estadual, federal e municipal.
Os valores das indenizações não foram sugeridos pelo grupo de familiares.
Num dos processos sobre o caso, a Justiça de Caruaru condenou os diretores do IDR a indenizar os 126 ex-pacientes ou parentes de mortos tratados na clínica.
Conciliação
Em janeiro de 97, haverá audiência de conciliação entre os envolvidos para tentar fixar os valores a serem pagos às vítimas.
Os diretores do instituto negam responsabilidade no caso e afirmam que vão recorrer da decisão da Justiça.

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