São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996 |
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Falta surpresa a "Dois Idiotas" Conflitos não conseguem produzir risos MÔNICA RODRIGUES COSTA
A montagem é uma adaptação de texto de Ruth Rocha por Dudu Sandroni e Fátima Valença, dirigida por André Mattos e Rubens Camelo. O espetáculo é constituído de esquetes que mostram a trajetória dos idiotas -ou palhaços- Mandão e Teimoso, da infância à vida adulta. Os conflitos deveriam provocar risos, o que acaba não acontecendo. A primeira cena, por exemplo, perde a graça por ser redundante em excesso. André Mattos e Roberta Repetto, nos papéis de Teimoso e Mandão, conversam em uma língua ininteligível. Depois de certo tempo, levantam-se, encaram-se, um aperta o nariz do outro e, então, a tradução: um diz que não está entendendo o outro. A cena é cortada abruptamente por alguém que deixa uma mala no palco. Os dois abrem e retiram bola, diferentes chapéus, figurinos. Corta para a famosa cena da sala de aula, mais surpreendente porque os dois não seguem raciocínio lógico para resolver problemas matemáticos. Seguem-se cenas menos engraçadas, como um duelo de caubóis ou uma cerimônia de casamento. A cena sobre o desenvolvimento da família é a mais engraçada, justamente por ser a mais elíptica. Nela, um idiota representa a mulher tradicional que lava, passa e cozinha. Mas a criança de classe média a desconhece, pois a mãe hoje em dia trabalha fora de casa. O idiota no papel de pai, por sua vez, compõe a figura de um homem lendo jornal, fumando charuto, indo e vindo do trabalho e ajudando a cuidar dos filhos. Falta humor e surpresa a "Dois Idiotas", que não compete nem com programas cômicos óbvios da televisão. Peça: Dois Idiotas Sentados Cada Qual no Seu Barril Direção: André Mattos e Rubens Camelo Elenco: André Mattos e Roberta Repetto Onde: Sala Paschoal Carlos Magno do teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 288-0136) Quando: sáb e dom, 16h, até o dia 22 Quanto: R$ 10 Texto Anterior: Clowns apresentam brincadeiras com a gula Índice |
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