São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996 |
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Ator foi "expulso" durante "Gabriela"
AMIR LABAKI
Mastroianni desembarcou no Rio de Janeiro em abril de 1982 para a realização de "Gabriela, Cravo e Canela", do diretor Bruno Barreto, contando que não conhecia Sonia Braga (a outra estrela da produção), mas que já havia lido o romance de Jorge Amado. Em maio, o então ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, afirmava que o ator -e outros membros da equipe- havia entrado no país com visto equivalente ao de turista. Em consequência, não poderiam realizar qualquer trabalho remunerado em território nacional. Logo, todos partiram para Assunção para retornar em seguida, depois que "toda a situação" estivesse regulamentada. Mas esse parece não ter sido o único motivo de irritação de Mastroianni em sua acidentada passagem. Durante as filmagens na cidade de Parati, no Rio, reclamou do assédio da imprensa. "Isso é uma desorganização. Só no Brasil é que fazem as coisas assim, ficam me procurando o tempo todo. Vocês vão dizer que eu sou uma pessoa cruel, indelicada. Mas eu era uma pessoa muito delicada até dois dias atrás", afirmou no período. Anos depois, disse em entrevistas que se lembrava bem de um filme feito no Brasil. Pensava, após mais de uma década, que tudo tinha sido, afinal, uma grande diversão. Apesar de todos os atropelos, nada no Brasil se comparou ao que teve que enfrentar na Grécia, depois da estréia de "O Passo Suspenso da Cegonha", de Theo Angelopoulos, em 1986. Por considerar o trabalho de Angelopoulos indecente, um bispo da igreja ortodoxa grega excomungou o ator. Quando rezava uma missa, Augustinos Kantiotis pediu a Deus que a alma do ator vagasse eternamente e não encontrasse o paraíso. Mastroianni disse que achava essa hipótese remota. Texto Anterior: Italiano soube resistir a Hollywood Próximo Texto: REPERCUSSÃO Índice |
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