São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
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Líder entra no mercado de cópias de vídeo

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

À frente da maior empresa de processamento de filmes cinematográficos da América Latina, a empresária Zaíra Rodrigues, 47, acaba de realizar um negócio que perseguia há dez anos: colocar a Líder Cine Laboratórios S/A no mercado de cópias de vídeos.
Empresa cujo nome é relacionado à própria história do cinema nacional, a Líder enfrentou sérios problemas financeiros no começo da década, assim como todos os demais segmentos ligados ao cinema, muito por conta da política do então presidente Fernando Collor para o setor.
Ao fechar uma associação com a companhia paulista Casablanca para a telecinagem de filmes e produção de cópias de vídeos, Zaíra parte agora para uma diversificação de negócios que buscava desde que ingressou na Líder, em 1987.
Fundada em 1953 pelo pai de Zaíra, José Augusto de Siqueira Cavalcanti Rodrigues, a Líder, principalmente a partir do movimento do Cinema Novo, nos anos 60, associou-se ao desenvolvimento da indústria cinematográfica do país.
Sob a administração de Zaíra, a empresa ingressou agora no rol dos cinco mais importantes laboratórios do mundo de processamento de filmes, como o CFI, de Los Angeles (EUA).
Com o recente convite para ingressar na Worldwide Motion Picture Laboratory Association, que reúne laboratórios dos EUA, Alemanha, França, Austrália e Tailândia, a Líder tornou-se o sexto laboratório da associação.
A entidade visa a troca de informações entre associados para se mantenha um padrão de qualidade mundial na revelação e na produção de cópias de filmes e vídeos.
"Esse convite veio porque eles conhecem o nosso trabalho. A partir dessa associação, se alguém quiser começar um filme na Alemanha e acabar aqui, a qualidade será a mesma", afirma Zaíra.
Enxugamento
A empresa já vinha passando também por um processo de enxugamento, em busca de maior eficiência.
A busca de novas parcerias e equipamentos modernos ocorre em um momento em que a Líder, segundo Zaíra, volta a trabalhar a todo vapor, após os duros anos de crise do cinema nacional.
Em janeiro de 87, quando assumiu a empresa herdada do pai, a filha única Zaíra encontrou a Líder "em situação precária, no vermelho". Naquela época, ela já pensava em entrar no mercado de vídeos. Mas não houve condições financeiras.
Com o governo Collor e o consequente desestímulo às produções cinematográficas, a situação da Líder só fez piorar. Em 93, a empresa atingiu o fundo do poço, com o processamento de apenas 300 mil metros de filmes por mês.

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