São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Brasil vive "boom" do disco

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil espera vender US$ 1 bilhão em discos no próximo ano. É a previsão de um mercado fonográfico que cresceu 35% em 1996, faturou US$ 891 milhões e já é o sexto maior do mundo.
Em 1993, o Brasil estava na 13ª posição. Cresceu 128% em três anos e ultrapassou países como Holanda, Austrália, Itália, México.
Em 1996, foram vendidos 94 milhões de discos -mais de 90% foram CDs. Com esse desempenho, o Brasil deixou o Canadá para trás. O próximo alvo: a França.
Os EUA lideram o ranking -um faturamento de US$ 12,1 bilhões em 1995-, seguido de Japão, Alemanha e Reino Unido.
"O Brasil é um dos mercados que mais cresce no mundo", afirma Paulo Rosa, presidente da MCA no país -a última das grandes gravadoras estrangeiras a entrar no Brasil (em janeiro).
Esse crescimento é um alívio para os executivos do setor, que enfrentou um período de recessão entre 1989 e meados de 1994.
Expectativa
Os diretores de gravadoras reconhecem que a possibilidade de crescimento do mercado tem um teto. "Não podemos esperar que o setor cresça 35% ao ano", diz o diretor artístico da Sony, Luis André Calainho.
A expectativa oficial das gravadoras, repassada para as matrizes no exterior, é de um crescimento de 5% a 10% em 1997.
Informalmente, entretanto, as gravadoras esperam um crescimento entre 15% a 20%. Se essa expectativa se concretizar, o mercado fonográfico brasileiro passará a barreira do bilhão de dólar.
Contrabando
Calainho estima que 30 milhões de novos consumidores entraram no mercado após o plano Real. E que parte desse exército ajudou o aumento de vendas.
O presidente da MCA concorda. "As classes C e D passaram a consumir, já que quase triplicaram seu poder aquisitivo desde o Real."
"Houve um grande crescimento da indústria com a estabilização da economia. Com isso, nos dois últimos anos o consumo de CD player cresceu muito", diz Calainho.
Pelas contas da Eletros (que reúne os produtores de eletrodomésticos), a venda de CD player aumentou 16% em 96. Mas esse número não corresponde a realidade.
"Essas estatísticas escondem muita coisa. O CD de automóvel quase ninguém faz no Brasil. Ele chega de contrabando ou importado. O discman entra no Brasil na mala dos turistas", afirma o presidente da Eletros, Roberto Macedo.
"A compra do CD player fez com que as pessoas renovassem suas discotecas, trocando seus LPs velhos por CDs", afirma Rosa.

LEIA MAIS sobre indústria fonográfica à pág.4-3

Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.