São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 1996 |
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REPASSANDO A INEFICIÊNCIA Não há dúvidas de que a estabilização econômica e a introdução de novos padrões de competitividade entre os agentes econômicos impôs (e continua a impor) maiores ou menores sacrifícios a quase todos os setores de produção de bens e prestação de serviços. Entretanto, infelizmente, ainda há os que, presos a um passado recente, imaginam que não devem estar sujeitos aos riscos impostos pela livre concorrência. O presidente do Transurb, sindicato que reúne as empresas de ônibus do município de São Paulo, defendeu recentemente o reajuste da tarifa atual para cobrir o prejuízo das empresas em 96, estimado por ele em R$ 50 milhões. A perda, em sua opinião, deve ser atribuída sobretudo ao acentuado aumento no número de lotações ocorrido na cidade. Segundo o Transurb, a quantidade de lotações cadastrados na prefeitura aumentou 150%, chegando hoje a aproximadamente 2.000. Haveria ainda cerca de 3.000 peruas clandestinas circulando pela cidade. Ora, há dois pontos a serem diferenciados. Se, de fato, há um grande número de passageiros optando por lotações, é porque, ao que tudo indica, estão sendo melhor atendidos por esse sistema de transporte. Pedir aumento das tarifas, nesse caso, é querer uma recompensa pela incapacidade de oferecer um bom serviço de transporte aos cidadãos, o que evidentemente é inconcebível. Por outro lado, cabe à prefeitura averiguar se existem na cidade lotações irregulares e que não ofereçam segurança aos passageiros, coibindo a circulação dos que não atendem às exigências regulamentares. Essa tarefa de fiscalização, porém, deve visar apenas à necessidade de manter a qualidade dos serviços prestados e não à de criar uma reserva de mercado para empresas de ônibus que se mostram pouco competitivas. Acometida por súbita nostalgia dos tempos inflacionários e pouco propensa a se inserir com competitividade no mercado, o Transurb parece querer repassar aos passageiros os custos de sua ineficiência operacional e de um monopólio inaceitável. Texto Anterior: POR UMA MAIOR OFERTA Próximo Texto: Jesus perde para Mickey Índice |
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