São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Latifundiário é tigre de papel, diz tucano

Governo quer assentar 80 mil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e chamou latifundiários de "tigres de papel" durante cerimônia sobre reforma agrária no Palácio do Planalto.
O presidente anunciou ter assentado 61 mil famílias sem terra neste ano, mil a mais do que a meta do governo. Prometeu assentar 80 mil em 1997.
FHC também sancionou a lei que estabelece o rito sumário para a desapropriação de terra e a que permite ao Ministério Público intervir nas disputas por terra.
"Cadê a bancada latifundiária (do Congresso)? Ela só existe quando não há um governo determinado. Na hora em que fica só aquele que vai defender o latifúndio improdutivo, ele não tem coragem de ir para a tribuna", disse.
A bancada de parlamentares ruralistas foi contra a aprovação do rito sumário e as modificações no ITR (Imposto Territorial Rural).
"Os famosos latifundiários não eram, mas viraram -vou usar uma expressão que se usou no passado- tigres de papel. E tigre de papel não mete medo em ninguém", afirmou o presidente.
Apesar de chamar os latifundiários de tigres de papel, FHC disse que será "muito difícil" cobrar deles o novo ITR, que aumentou para as terras improdutivas.
"(O governo) tem que se preparar, fazer cooperação com os prefeitos e os governadores (para executar a cobrança)", afirmou.
MST
Durante o discurso, FHC também mandou recados para o MST. Disse que haverá contestações sobre o número de famílias assentadas pelo governo.
"Tem gente que contesta tudo. Se não contestarem, desaparecem. Não têm condição de fazer, então contestam", afirmou.
O presidente disse que não vai priorizar o assentamento das famílias ligadas ao MST.
"Não vamos assentar um setor que está num movimento. O Brasil não é de um movimento, é de todos os brasileiros que necessitam de terra", afirmou.
Para FHC, a ocupação de terras pelos sem-terra dá argumentos aos que não querem fazer a reforma agrária.
"A intolerância, em política, não leva a nada, a não ser ao radicalismo que penaliza os interesses em nome dos quais se radicaliza", disse Fernando Henrique.
Participaram da cerimônia no Planalto estudantes da UnB que estão realizando um censo nos assentamentos agrícolas espalhados pelo Brasil.

Texto Anterior: FHC quer rapidez do Congresso para votar emenda
Próximo Texto: Índios de RR ganham área
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.