São Paulo, terça-feira, 24 de dezembro de 1996
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Corpos levam 15 kg de dinamite

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os guerrilheiros do grupo Movimento Revolucionário Tupac Amaru carregam no corpo 15 kg de dinamite cada um, que são acionados com a retirada de uma argola, disse o embaixador austríaco Artur Schuschnigg, libertado anteontem com mais 224 reféns.
Segundo Alejandro Toledo, ex-candidato presidencial, libertado na sexta-feira, "os quartos estão minados, o telhado está minado. Qualquer tentativa de libertar os reféns seria uma loucura, já que eles estão armados até os dentes".
O veterinário colombiano Elmer Escobar, que trabalha na Organização Panamericana da Saúde, disse ter organizado uma brigada de saúde e ter prestado assistência psicológica a fim de evitar possíveis tentativas de suicídio.
"Com um delegado da Cruz Vermelha e vários médicos que estavam no lugar, criamos um comitê de saúde, localizamos medicamentos e pedimos a cada uma das pessoas que fizessem seus próprios diagnósticos e que nos indicassem se sofriam de hipertensão ou diabetes, por exemplo."
Sobre a libertação de domingo, afirmou que, às 12h, todos os reféns foram levados até o segundo andar da casa e, chamados um a um, foram conduzidos até o primeiro andar, onde foram divididos em grupos. "Por volta das 15h ou 16h começamos a escutar rumores sobre uma pronta libertação de reféns e finalmente ela se deu à noite."
Segundo ele, "o que mais temem as 140 pessoas que ainda estão como prisioneiros de guerra é que as forças peruanas de segurança tomem a casa para resgatá-las".
O empresário argentino Julio Soriano admitiu ontem ter sentido medo o tempo todo em que esteve como refém na casa do embaixador japonês em Lima (Peru).
"A situação interna era de permanente intranquilidade."
Ele afirmou que houve grande solidariedade com seus companheiros de cativeiro. "Não havia diplomatas nem ministros. Éramos todos iguais."
Sobre o líder guerrilheiro Nestor Cerpa, o professor universitário Carlos Aquino Rodriguez, disse que ele explicou sua estratégia e o que o seu movimento queria. "Ele é um homem culto e inteligente. Mas, quando estávamos dizendo adeus, eles disseram estar prontos para qualquer ataque militar."
Segundo a agência de notícias japonesa "Kyodo", alguns dos reféns pediram autógrafos a Cerpa, o "comandante Evaristo".

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