São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 1996
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INVESTIR É PRECISO

Longe dos sobressaltos da superinflação crônica, sem pacotes ou feriados bancários, os brasileiros vivem mais tranquilos. Entretanto, aos poucos se revela uma realidade mais complexa. E, como sempre, o governo dá sua incômoda contribuição para dificultar a vida dos cidadãos.
Embora a inflação esteja reduzida a quase zero, mês a mês, a verdade é que ainda ocorre o que os economistas denominam de "mudanças de preços relativos". Ou seja, a inflação é baixíssima na média, mas essa média esconde realinhamentos aos quais é preciso estar atento.
O caso mais importante e sem dúvida positivo de realinhamento diz respeito aos serviços e sobretudo aos aluguéis. A essência da estabilização tem sido a exposição maior da economia à concorrência dos importados. Essa concorrência, entretanto, não existe para o restaurante, para o estacionamento ou para os aluguéis.
Mas, dois anos e meio depois de ter entrado em vigor o Plano Real, tem ocorrido uma convergência entre preços de bens expostos à concorrência externa e de bens e serviços eminentemente domésticos.
Há outros ajustes em curso. O governo garante que as tarifas públicas não ficarão estáticas. A começar pelos combustíveis, com impacto diluído nas médias inflacionárias, mas afetando o orçamento de todos.
Um caso especial é o da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF, que deve vigorar a partir de 23 de janeiro do próximo ano. Nesse caso, o impacto será sobre as decisões de investimento. Uma CPMF de 0,20% pode até mesmo anular o que se esperava ganhar numa aplicação de prazo curto.
As decisões entre poupança e fundos ou mesmo a migração entre fundos de investimento diferentes passarão a ter um custo financeiro. Mas haverá ainda o custo de obter informações mais detalhadas e fazer cálculos cada vez mais precisos.
A estabilidade de preços também tem as suas armadilhas, às quais cada cidadão deve estar atento.

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