São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996 |
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Bola esquece certidão de nascimento
RODRIGO BUENO
Atletas de expressão, alguns brasileiros, buscam a dupla nacionalidade ou a naturalização para prosperar profissionalmente. Isso se evidenciou ainda mais após o "Caso Bosman", que fez um ano no dia 15 de dezembro. "Caso Bosman" é como ficou conhecida a sentença que tornou ilegal as indenizações cobradas pelos clubes europeus na transação de atletas. Com essa, o jogador que pertence ao Mercado Comum já não é "estrangeiro" em seu time. O volante Mauro Silva foi um dos primeiros a se interessar pela dupla nacionalidade. Aproveitando-se do fato de já estar em La Coruña há quase cinco anos, passou este mês a ser cidadão espanhol. "É muito interessante profissional e pessoalmente", diz. Ex-companheiro de Mauro Silva no La Coruña, Bebeto retornou à Espanha para defender o Sevilla. O jogador, após frustrada passagem pelo Flamengo, agora também tenta se tornar "espanhol". O atacante Caio trocou este ano o Brasil pela Itália. Para facilitar sua transferência do São Paulo para a Internazionale, o jogador se apoiou em antepassados italianos para conseguir a dupla cidadania. A Inter o contratou como atleta da União Européia. Como "italiano", Caio não teve dificuldades para se transferir para o Napoli. Dois astros sul-americanos, o chileno Zamorano e o argentino Redondo, juraram fidelidade ao rei da Espanha em outubro deste ano por uma nova cidadania. "A dupla nacionalidade é positiva para meu futuro como futebolista", disse o hispano-chileno. Outros sul-americanos também têm dupla cidadania. O argentino Balbo é "italiano". O chileno Sierra, ex-São Paulo, é "espanhol". Batistuta, Esnaider e Simeone, todos argentinos, também estudam virar "europeus". Seleções Não só os clubes lucram com atletas expatriados. Várias seleções têm hoje naturalizados. O brasileiro-espanhol Donato é uma opção do técnico Javier Clemente nas eliminatórias da Copa. O maranhense-belga Oliveira é titular na seleção de seu país. O Japão também joga com brasileiro. Rui Ramos lidera o time. A França tem o ganês Desailly. A Holanda escala atletas das ex-colônias, como Winter (Suriname). A Alemanha, que já dispunha do italiano Gaudino, poderá contar agora com o sul-africano Dundee. A Bélgica tem o croata Weber. A Suíça, o francês Ohrel. A Grécia, o alemão Ioannidis. A Rússia recorre aos ucranianos Kanchelskis e Yuran e ao moldovo Dobrovolskij. Entre ingleses e escoceses, a Irlanda usa até dez estrangeiros. Os EUA unem um uruguaio (Ramos), um alemão (Dooley), um escocês (Kinnear) e um sul-africano (Wegerle). Já a Bolívia usufrui de argentinos (Trucco, Quinteros e Cristaldo) e paraguaio (Rojas). Próximo Texto: Família pesa na troca de pátria Índice |
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