São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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Argentino acabou com jejum de títulos do Real

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Quando Di Stéfano chegou ao Real Madrid em 1953, vindo de Barcelona, onde viu seu contrato com o time local fracassar, a equipe madrilenha amargava 21 temporadas sem conhecer um título.
Nos anos posteriores, no entanto, o Real iria colher uma quantidade de troféus jamais superada: oito campeonatos espanhóis entre 1953 e 1964, cinco Copa dos Campeões da Europa entre 1955 e 1960 e a Copa Intercontinental de 1960.
Di Stéfano foi artilheiro espanhol em cinco oportunidades. Nas 11 temporadas que jogou naquele time, foi o responsável por 418 gols.
Seu tremendo sucesso o fez chegar à seleção espanhola, na qual jogou 31 partidas e marcou 23 gols.
O ataque formado por ele, Puskas, Kopa, Rial e Gento fez história. Di Stéfano se tornou o maior ídolo espanhol, e a Argentina só pôde ver três anos de seu futebol.
Ele começou nas equipes inferiores do River Plate, fazendo seu batismo na primeira divisão em 1945. Mas o River Plate da época, chamado de "La Máquina", não tinha espaço para um jovem de 19 anos.
Di Stéfano foi emprestado, então, ao Huracán, por um ano, depois voltando ao River, em 1947.
Nesse ano, conquistou o título nacional, foi o artilheiro com 28 gols e ainda esteve na seleção argentina campeã da Copa América.
Esses foram seus únicos jogos com a camisa branca e celeste. Um total de seis partidas, com cinco gols marcados.
Antes de chegar à Espanha, jogou quatro anos no time colombiano dos Millonarios de Bogotá.
Descrito como um jogador de técnica e fôlego incomparáveis, Di Stéfano encerrou sua carreira em 1966, aos 40 anos.
"Um dia cheguei em casa, e minha filha mais velha me disse: 'Pai, o senhor está careca e continua usando esses calções curtos'."
Como técnico, conseguiu o feito único de ter sido campeão argentino com o Boca Juniors (1969) e o River Plate (1981).
Hoje, além de comentarista de televisão, o argentino se dedica ao restaurante "La Saeta", no bairro madrilenho de Carabanchel.
Como comentarista para televisão espanhola se destaca pelo humor sarcástico.
Um dia, analisando uma partida da seleção inglesa, disparou: "O dia está esplêndido, o céu límpido. Mas os ingleses jogando a bola cada vez mais para cima vão acabar acertando alguma nuvem e vai cair uma chuva daquelas."
A premonição deu certo, e o jogo terminou sob uma verdadeira tempestade.
Em outra ocasião, o alvo foi o goleiro camaronês N'Kono, que andou pelo futebol espanhol.
Depois de segurar uma bola cruzada, o africano perdeu e recuperou a bola duas vezes até finalmente agarrá-la. Di Stéfano comentou: "O problema de N'Kono é que ele é gago com as mãos".
(RB)

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