São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 1996
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As férias de FHC

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - FHC goza merecidas férias em Fernando de Noronha (PE). Nos países desenvolvidos, presidentes e ministros tiram férias. O papa tira férias. Aqui, não poderia ser diferente.
A não ser pelo fato de que no Brasil não existe legislação a respeito. Em tese, pela letra fria da lei, FHC e seus ministros não poderiam tirar férias nunca. O que é um disparate.
Mas não menos absurdo é FHC ter desistido de pressionar o Congresso para regulamentar as suas férias presidenciais. Medroso, temia uma enxurrada de reações adversas.
Com seu jeito tucano de ser, FHC tirou folga mesmo sem regras. Foi passar uma semana na paradisíaca ilha do litoral brasileiro. Levou a família. Foram todos no avião presidencial.
Em Fernando de Noronha, o presidente ficará em uma casa da Aeronáutica. A edificação foi reformada. Ganhou geladeiras, telefones, antena parabólica e sistema interno de TV.
Com três pavimentos, a casa está sobre um dos pontos mais altos da ilha. Dali, avista-se o oceano Atlântico e parte das 19 ilhas do arquipélago.
Junto com a mulher e um punhado de parentes, FHC não enfrentou filas para conseguir vagas em Fernando de Noronha. Nem gastou um tostão. Para ele, tudo foi arranjado de graça. Para os parentes, também.
O brasileiro comum que desejar passar uma semana em Fernando de Noronha terá de desembolsar em torno de R$ 2.000. Isso se conseguir vagas nas escassas pousadas locais -muito diferentes da casa da Aeronáutica na qual se hospeda o presidente.
Ainda assim, é melhor desistir dos feriados de fim de ano. É que as melhores praias serão fechadas para a visitação de turistas -para FHC passear à vontade, de helicóptero.
Não é o caso aqui de fazer uma daquelas odiosas defesas da classe média e dizer que o presidente tem mais é que trabalhar em vez de ficar gastando o dinheiro do contribuinte.
Mas não custaria muito a FHC regulamentar esse tipo de convescote. E fazer com que as despesas dos seus familiares fossem pagas pelos próprios.

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