São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Mudanças nas regras

WILSON BALDINI JR.

A Associação de Boxe Amador (AIBA) anuncia para a partir de 1º janeiro de 1997 alterações nos regulamentos dos combates.
O sistema de três roundes de três minutos, com um minuto de descanso, será alterado. Agora, as lutas envolvendo atletas amadores terá cinco roundes de dois minutos, com um de intervalo.
Qual o resultado na prática? Lutas muito movimentadas, mas com pouca técnica. Recentemente, um torneio nos EUA, já com novas regras, reuniu os melhores da atualidade. E o que se viu foram lutadores da qualidade de Hector Vinent e Juan Hernandez terem dificuldades para vencer norte-americanos de menor expressão.
Ficou claro que as mudanças serviram para nivelar os lutadores. Mas, com o tempo reduzido, existe uma procura alucinada para se acertar o máximo de golpes no menor tempo possível. Existe só a preocupação com o preparo físico.
Dessa forma, o show de golpes errados e irregulares é sensacional. Talvez seja por isso que os alemães, bastante limitados, conseguiram um resultado equilibrado com os cubanos no último Mundial, em Berlim, em 95.
Essa é a única maneira de diminuir o favoritismo da maior ilha do mar das Antilhas na Olimpíada de Atlanta, em julho.
O medo dos interessados é que o domínio cubano, que em Barcelona ficou com sete medalhas de ouro contra apenas uma do "Tio Sam", se repita "dentro de casa".
Mas, dos "12 ouros olímpicos", o país de Fidel Castro tem quatro garantidos com o meio-médio-ligeiro Hector Vinent, o meio-médio Juan Hernandez, o pesado Félix Savon e também entre os superpesados. Aí, Pedro Carrion e Leonardo Fizz disputam uma triagem e já vão para Atlanta com a medalha no peito.
Assim, fica difícil os EUA chegarem a sua 100º medalha no boxe. Eles têm 96, contra 53 da ex-União Soviética e 34 de Cuba. Uma certeza: essa vantagem vai diminuir.

Essa modificação nas normas do amadorismo causa outro efeito colateral.
Dificulta mais pensar na chance de Félix Savon ter preparo para derrotar Mike Tyson em um combate profissional, como querem empresários norte-americanos.
Em meados dos anos 70, Teófilo Stevensson até poderia vencer um Muhammad Ali em final de carreira. Mas, com Tyson em forma, Savon não tem nenhuma chance. É melhor ficar na utopia.

Notas
O orçamento de Cuba para a equipe de boxe, composta por 30 pessoas (24 lutadores e 6 técnicos), no ano de 95: US$ 1,5 milhão. Isso somente para a disputa de torneios internacionais.

O filme "Carlos Monzón, o segundo julgamento" vai poder ser exibido nos cinemas da Argentina. A justiça negou o pedido da família do ex-lutador, que alegava "invasão de privacidade".

Monzón foi campeão dos médios de 70 a 77. Ele morreu em janeiro do ano passado, em acidente de automóvel, quando retornava para a prisão. O ex-campeão mundial cumpria pena pela morte de sua ex-mulher Alícia Muniz.

"Nunca o vi lutar. Mas sei que é forte e pegador. Vou fazer o melhor de mim". Essa foi a resposta do lutador brasileiro Giovano Andrade, quando perguntado sobre o que achava do estilo do norte-americano Johnny Tapia e de suas chances no combate de amanhã, pelo título mundial dos supermoscas, versão Organização Mundial de Boxe. Muito boa sorte!

A luta acontece em Los Angeles, na preliminar da luta entre o mexicano Humberto González e o tailandês Saman Sorjaturong.

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