São Paulo, sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996
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Desemprego; Fora de contexto; Alívio; Explicação; Vício de linguagem

Desemprego
"Em relação ao editorial 'Combate ao desemprego', de 19/1, cremos ser oportuno esclarecer que nosso chamado a empresários e sindicalistas, no sentido de combater o desemprego, está longe de ser 'jogo de cena', constituindo-se, de fato, em políticas, estratégias e projetos -muitos já implementados. Uma política de combate ao desemprego, no contexto de processos de reestruturação produtiva, tem vários eixos, entre os quais a Folha destacou medidas potencialmente fomentadoras da geração de emprego, tais como a redução de encargos, flexibilização dos contratos e redução da jornada. Outro eixo fundamental, no entanto, tratado como prioritário no atual governo, é o da qualificação e requalificação profissional dos trabalhadores. Nesse sentido, temos a satisfação de informar que este ministério estruturou e está implementando um Plano Nacional de Educação Profissional que garanta, em escala crescente, treinamento ou reconversão de empregados atingidos por processos de privatização, modernização tecnológica e outras ações que reduzam o volume de emprego, assim como de pequenos produtores, trabalhadores do mercado informal e outras clientelas em situação desvantajosa no mercado de trabalho. Esse plano, desenvolvido em parceria com as secretarias de Estado do Trabalho e financiado com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), garantiu, já em 1995, o atendimento a mais de 200 mil trabalhadores e desempregados, com investimento total superior a R$ 60 milhões. Para 1996, os projetos já recebidos e aprovados dos Estados superam a casa de 1 milhão de trabalhadores atendidos e investimento próximo a R$ 300 milhões de reais. Todo esse programa de qualificação e requalificação está articulado ao Sistema Nacional de Emprego, também coordenado, nos Estados, pelas secretarias de Trabalho, de modo a garantir que os trabalhadores atendidos tenham acesso a serviços de encaminhamento a empregos ou a mecanismos de geração de renda, em suma, tenham condições de empregabilidade. Reconhecemos que ainda é pouco. Estamos trabalhando para, no mínimo, triplicar essas ações nos próximos anos. Mas, ainda que seja pouco, o que já se fez está longe de se assemelhar a 'jogo de cena'."
Nassim Gabriel Mehedff, secretário nacional de Formação e Desenvolvimento Profissional (Brasília, DF)

Nota da Redação: Redução de encargo, flexibilização e redução da jornada são propostas citadas pelo ministro do Trabalho. O editorial reconheceu que "o chamado do ministro (...) pode dar início a medidas que, ao menos, atenuem o problema". E afirmou apenas que "pode ser meramente um jogo de cena (...). Se, ao final, nada ocorrer, terá sido a mera repetição do conhecido recurso de mostrar preocupação, sem o incômodo de tomar iniciativas".

Fora de contexto
"Em reportagem publicada em 23/1, intitulada 'Gratificação irregular deve ser devolvida', constam declarações em meu nome que necessitam ser esclarecidas, pois estão incluídas fora do contexto em que foram formuladas. Afirmamos que as informações sobre a execução orçamentária do governo federal, incluindo-se aí os vários segmentos da administração federal, representam uma verdadeira 'caixa-preta'. Tal fato se repete também nas universidades, o que faz com que a comunidade universitária não tenha acesso aos dados referentes às despesas das instituições. Declaramos ainda que a política do governo federal de estrangulamento financeiro das instituições federais de ensino superior gerou, segundo o que circulou extra-oficialmente, a utilização de recursos da verba de pessoal para despesas de custeio. É verdade que por não termos em mãos as informações de supostas irregularidades no que tange ao pagamento de gratificações indevidas nada podemos afirmar sobre o assunto. Cabe lembrar que desde a criação do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) o governo federal tem condições de acompanhar o esquema de despesas realizadas pelas diferentes instituições federais. Ressalte-se porém que existe por parte do governo federal todo o interesse em criar, junto à opinião pública, um clima que lhe permita ganhar espaço para, dentro da sua proposta de reforma do Estado, transformar as universidades públicas em entidades públicas não-estatais, ou seja, privatizá-las."
Agamenon Tavares de Almeida, diretor da Andes-SN -Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Brasília, DF)

Alívio
"Li na edição de 27/1 que o Banco Central está estudando mudanças na fórmula de cálculo da TR, de modo a melhorar o rendimento da caderneta de poupança. Tudo bem, mas espero que em paralelo as autoridades econômicas encontrem uma forma de desatrelar os contratos da casa própria da TR, dando desse modo um pouco de alívio à classe média que não tem mais onde perder e está com os salários arrochados."
Sonia Adjucto Silveira (Rio de Janeiro, RJ)

Explicação
"Com relação às notícias veiculadas por este jornal acerca da ação do governador do Estado de Santa Catarina, cumpre informar: quando o sr. Paulo Afonso assumiu o governo os gastos com pessoal orbitavam os 65% previstos na Constituição. Um ano de desgoverno bastou para o paladino das contas públicas detonar os gastos com pessoal. Hoje eles atingem o curioso patamar de 85% da arrecadação estadual. Curioso porque a arrecadação estadual aumentou em R$ 50 milhões, passando de R$ 90 milhões para algo em torno de R$ 140 milhões mensais. Como o 'exemplo para o Brasil' conseguiu tamanha façanha? Muito simples. Para acomodar coligações feitas no segundo turno das eleições, nosso herói nacional criou cinco novas Secretarias de Estado; criou mais 1.200 cargos comissionados, concedeu isenções de ICMS, reajustou em 90% os salários dos que ocupam cargos comissionados, mas apenas desses e, por último, efetuou antecipações de receita que atingem quase um mês de arrecadação. Preocupa muito a atitude deste jornal em relação a esse caso. A cobertura dada não pode ser questionada. O que pode, e deve ser questionado, é a superficialidade com que o assunto foi abordado, não tendo, a Folha, o trabalho de verificar as causas que originaram a ação do governador. O governador de meu Estado pode moralmente posar de herói nacional uma vez observadas suas ações no governo? A imprensa agiu corretamente nesse caso?"
Paulo Luciano Corso (Florianópolis, SC)

Vício de linguagem
"Tomo a iniciativa de solicitar que façam comigo o esforço para correção deste vício de linguagem: façamos a análise sintática da frase 'A gente comeu arroz no almoço'. Iremos perceber que 'a gente' é um substantivo feminino utilizado como coletivo. Já no caso de 'comeu', é um verbo transitivo direto, flexionado na 3ª pessoa do singular, deixando de combinar com o substantivo, que por ser coletivo deveria utilizar a flexão na 1ª pessoa do plural. Solicito que filólogos e professores de língua portuguesa avaliem minha colocação."
Luiz Roberto Nascimento (Brasília, DF)

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