São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Dia tem ameaças, reclamações e bate-bocas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Bate-bocas, ameaças de rompimento do acordo e muita reclamação marcaram a rodada de negociação da Previdência.
Mas houve também humor. O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, usou um fato de sua infância em Acari (RN) para ilustrar o fato de a CUT negociar com o governo.
Ele contou que, aos 16 anos, tinha muita vontade de "transar" com a sua namorada. "Eu insistia, insistia e insistia, e ela nunca quis. Quando ela aceitou, eu não tive coragem. Quando eu vi a possibilidade real, tive medo", explicou. "Essa negociação é um pouco isto. Deu pânico quando a gente decidiu discutir", completou.
Durante a reunião, o ministro Reinhold Stephanes (Previdência) e Vicentinho reclamaram do texto do relator Euler Ribeiro (PMDB-AM), que se irritou com Vicentinho. "Ele é um mentiroso", disse sobre o sindicalista.
O senador Roberto Freire (PPS-PE) e o líder do governo Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) elegeram Stephanes como alvo de críticas. Para mostrar que era necessário definir melhor a gestão quadripartite da Previdência, Freire argumentou que era importante mudar o texto porque algumas pessoas do governo defendiam o fim da Previdência pública.
Stephanes afirmou que esse era um argumento desonesto. "Desonesto é você", respondeu Freire.
Mais tarde, coube a Santos provocar um bate-boca com o ministro. Stephanes ficou surpreso com a inclusão da aposentadoria proporcional para os servidores. Ele argumentou que não sabia dessa modificação. Segundo relato dos participantes, Santos não gostou da reclamação do ministro e criticou sua ausência na reunião de terça-feira com as centrais.
Numa sala ao lado, Vicentinho ouvia a divergência entre os próprios governistas. O relator relutava em alterar o texto.
Grande parte da reunião foi ocupada com o acerto dos governistas. Só depois é que a CUT participou da discussão. Stephanes, que havia deixado a reunião, foi convocado novamente para o debate.

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