São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Urbanização freia aumento populacional

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A urbanização em massa dos países em desenvolvimento é apontada como uma das melhores alternativas para frear o ritmo do crescimento populacional no mundo de hoje.
Essa é uma das posições consensuais entre os organizadores da 2ª Conferência de Assentamentos Humanos da ONU (Habitat 2), que acontece em Istambul (Turquia) em junho deste ano.
Segundo Mathias Hundsalz, coordenador do Departamento de Pesquisa do Habitat, não há nada de errado no crescimento das cidades, mesmo nos países pobres.
O que deve ser evitado é o crescimento acelerado. "Cidades cuja população cresce numa taxa anual superior a 5% têm dificuldades em fornecer serviços básicos a todos. Mas se o ritmo for controlado, só há vantagens", diz Hudsalz.
A urbanização diminui o crescimento populacional porque é mais difícil sustentar famílias numerosas nas cidades do que no campo.
A maior facilidade de acesso a informações nos centros urbanos também contribui para a redução no número de filhos por família.
"Nas cidades, as pessoas moram em casas menores do que no campo e a sobrevivência cotidiana é mais cara. Isso desencoraja a manutenção de grandes famílias e o ritmo de crescimento diminui."
Segundo Hundsalz, Brasil e México são exemplos típicos do fenômeno. "Os dois países passaram por urbanização massiva nos últimos 20 anos. E a consequência foi uma queda substancial no ritmo de crescimento populacional."
Economia
Outra vantagem apontada pelos técnicos na troca de áreas rurais por urbanas é o menor custo que o governo tem para oferecer serviços básicos. "Como as cidades são mais densamente povoadas, o custo por habitante no fornecimento de água tratada e coleta de lixo é bem menor", diz Hundsalz.
Os centros urbanos também fornecem atendimento médico mais rápido do que no campo e melhores oportunidades de educação.
"Mesmo nas cidades pobres, onde parte da população não completa o ensino básico, há mais facilidade de acesso à informação."
Documento da ONU que traça um perfil dos centros urbanos, mostra que a população pobre do campo tem renda até dez vezes menor do que os pobres da cidade.
"Os centros urbanos oferecem à população maior expectativa de vida e níveis de pobreza menores do que a zona rural. Mesmo para os pobres, é melhor morar nas cidades", afirma Hundsalz.

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