São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Entidade ameaça entrar na Justiça contra chimpanzés em comerciais

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Uipa (União Internacional Protetora dos Animais) ameaça entrar na Justiça pedindo o fim da veiculação na TV de comerciais nos quais chimpanzés aparecem divulgando marcas de refrigerantes (Pepsi, Antarctica e Brahma).
"Um animal nunca pode ser usado para fins promocionais. Não pode ser manipulado e explorado pelo homem dessa maneira", afirmou Celina Valentino, 53, vice-presidente da Uipa.
Ela considerou positiva a intenção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis) de querer proibir este tipo de comercial.
"Vamos reforçar o pedido do Ibama às empresas. Caso elas não retirem os comerciais do ar, podemos entrar com pedido de liminar".
Um publicitário da Almap BBDO (a agência publicitária da Pepsi-Cola), que não quis se identificar, disse que o uso de animais em comerciais já segue, em muitos casos, rigorosos critérios internacionais que garantem que o animal não seja maltratado.
No caso específico do primeiro comercial da Pepsi-Cola com chimpanzés, que desencadeou a produção de anúncios com macacos pela Antarctica e Brahma, o filme foi feito nos Estados Unidos.
Segundo o publicitário existem normas nos EUA - para a utilização de animais em filmes - que tentam evitar que eles sejam vítimas de qualquer tipo de crueldade.
Celina Valentino reconhece, no entanto, que não há indícios de maus-tratos aos animais nas peças publicitárias. Apesar disso, ela questiona os métodos utilizados para "convencer" os chimpanzés a agirem como seres humanos.
"Eles só conseguem isso chatageando e coagindo os animais. É uma aberração um macaco tomar uma garrafa de refrigerante."
Para Márcio Augelli, 48, presidente da Sociedade Humanitária Tucuxi, os comerciais são propaganda enganosa. "Tomar Coca-Cola não melhora a coordenação de ninguém", afirmou, se referindo ao comercial da Pepsi.
Campanha
Além de recorrer à Justiça para tentar proibir e controlar o uso de animais em comerciais, o presidente do Ibama, Raul Jungman, já definiu a outra frente de batalha a abrir no próximo mês.
"Em março, vamos lançar uma megacampanha contra o tráfico de animais", revelou ontem à Folha. A campanha está sendo produzida pela agência Caio Domingues, uma das maiores empresas de publicidade do Brasil, e terá o seguinte slogan: "Quem ama não compra".
A campanha contra o tráfico de animais vai usar toda a mídia e deve espalhar pelo menos 150 mil cartazes por todo o país e distribuir cerca de 1 milhão de kits pelas escolas.

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