São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Fundos municipais de investimento

LUÍS NASSIF

A seca de 1988 arrebentou com a economia de Umuarama (Paraná).
Na ocasião, chegava à cidade Eron Marchiori, para assumir a diretoria de unidade do extinto Badep (o banco de desenvolvimento do Estado).
Havia enorme concentração de renda, mas a poupança acumulada pelos abastados locais não gerava nenhum poder multiplicador -limitando-se a repousar nas aplicações financeiras da rede bancária.
Marchiori propos então a criação da holding "Uma Administração de Investimento S/A", destinada a captar a poupança local para projetos de desenvolvimento na região.
A empresa foi fundada com cem sócios, cada qual aportando US$ 4.000. O grupo se dispôs a analisar qualquer projeto de investimento que lhes fosse apresentado, fiel ao lema "por que não?".
Com o investimento, a holding montou inicialmente uma corretora de seguros e uma tecelagem. Hoje em dia, controla 11 empresas, com centenas de empregos, e capital estimado em US$ 3 milhões.
O Sebrae do Paraná comprou a idéia e está ajudando na constituição de quase 300 empresas de participação em todo o Estado.
Manual
No rastro dessa idéia, o Sebrae de São Paulo preparou um documento intitulado "Como formar uma empresa de participação" -no qual relata a experiência de Umuarama e fornece um roteiro minucioso a cada cidade que quiser seguir o caminho dos paranaenses.
O trabalho informa desde os princípios básicos até a estratégia para impedir a politização do projeto, da estrutura legal da organização até a agenda de cada reunião.
No campo dos conselhos gerais, o documento sugere:
1) Por se tratar de idéia nova, no início recomenda-se investir em empreendimentos que demandem menos capital.
2) A empresa-mãe deve ser uma sociedade anônima de capitral fechado, que permite grande transparência e participação das decisões. Embaixo da empresa-mãe vem as empresas filhas, que deverão ser criadas sob a forma de "sociedade por cota de responsabilidade limitada".
3) Estado e município devem incentivar a criação dessas empresas, mas não devem ter participação financeira. Seu papel deve ser o de catalizador, para viabilizar novos empreendimentos.
São Paulo
A idéia chegou a São Paulo através da agência Bauru do Sebrae. No momento, já existem grupos sendo organizados em Avaré, Bariri, Birigui, Penápolis, Barretos, Presidente Prudente, Adamantina, Sorocaba, Jaú, Botucatu e Rio Claro.
Como a coluna vem afirmando há tempos, trata-se da mais importante experiência de modernização e de estímulo ao desenvolvimento auto-sustentado do interior do país.
A exemplo do Rio Grande do Sul, outros Estados deveriam transformá-lo em bandeira.

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