São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Aliança já estuda rever as contratações

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Aliança Metalúrgica já estuda rever as 35 contratações feitas por meio do contrato coletivo com redução de encargos sociais.
Paulo José Lucia, principal executivo da empresa, diz que seu departamento jurídico está levantando quais são os custos de manter as contratações, apesar da liminar contrária da Justiça, concedida na semana passada.
"Nossa idéia é chegar aos 85 contratados no início da próxima semana, mas precisamos saber quais são os custos para manter as contratações, inclusive quais são as multas", diz Lucia.
Segundo o empresário, se o custo de manter as contratações se tornar inviável, a saída será a demissão. "Mas espero não ter de tomar esse caminho", afirma.
Hoje, Lucia se reúne com os advogados da empresa para discutir a estratégia da Aliança quanto às admissões pelo novo contrato. Também será discutida a postura da empresa na audiência de conciliação, amanhã, no TRT.
Mobilização
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo deve começar amanhã, com uma assembléia na porta da Continental, a mobilização dos trabalhadores a favor do contrato coletivo de trabalho.
"Vamos iniciar uma ofensiva para esclarecer os metalúrgicos sobre os pontos do acordo", diz Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, com base de 330 mil trabalhadores.
Na avaliação de Paulinho, muitos trabalhadores não estão informados corretamente sobre os termos do acordo, assinado na semana passada entre os metalúrgicos e oito sindicatos patronais.
"Os trabalhadores sabem que os avanços tecnológicos levam à demissão e que é preciso encontrar alternativas para gerar emprego. Vamos mostrar que este acordo é uma dessas alternativas", diz.
Além da assembléia na porta da Continental, metalúrgica que tem 3.000 funcionários, uma reunião da diretoria do sindicato decide hoje outras estratégias para mobilizar sua base a favor do acordo.
"Pretendemos fazer uma relação com as empresas que podem aderir ao acordo, se ele for legalizado, e o número de empregos gerados", diz Paulinho.
Segundo Paulinho, cerca de 2.000 empresas devem aderir ao acordo se a legislação mudar, o que equivale a 20 mil empregos.
O acordo tem diversos pontos considerados ilegais, como o que reduz de 20% para 8%, 9% ou 11% a contribuição das empresas à Previdência Social, além de não assinar a carteira de trabalho.
"Temos de discutir como legalizar o acordo, e não se ele é bom ou ruim", diz o sindicalista.
Paulinho afirma que vai promover uma grande manifestação na porta da Procuradoria Geral do Trabalho caso sejam suspensas as admissões nesse tipo de contrato feitas pela Aliança Metalúrgica.
A idéia é colocar 5.000 metalúrgicos, empregados e desempregados na rua para pressionar a Procuradoria a rever a liminar, que suspendeu o acordo na semana passada.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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