São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diminuição de prêmios revolta jogadores

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os jogadores de Palmeiras e Portuguesa, times que lideram o Campeonato Paulista e se enfrentam no próximo domingo, não gostaram da proposta de premiação feita pelos clubes.
Os dirigentes das duas equipes, além dos de Corinthians e Santos, oferecem R$ 600,00 por vitória para cada atleta, sendo 50% à vista e o restante apenas se o time disputar o quadrangular final.
Os dois primeiros colocados de cada turno disputam a fase final. Se a mesma equipe vencer os dois turnos, porém, não haverá o quadrangular, e ela será a campeã.
O lateral-esquerdo Zé Roberto, da Portuguesa, achou a proposta dos dirigentes "baixa".
"Na Portuguesa, os salários são menores do que no Corinthians. Muita gente aqui vive de bicho. Eu mesmo, tendo bons prêmios, não preciso mexer no salário."
Segundo o jogador, "bicho de R$ 600,00 tira o estímulo".
Para o zagueiro Augusto, também da Portuguesa, "para ganhar um bicho desses é melhor não ganhar nada."
Emerson, zagueiro que marcou o primeiro gol do time na vitória contra o América, por 3 a 1, pede o mesmo valor pago no Brasileiro.
"O prêmio variava entre R$ 800,00 e R$ 1.000,00", afirmou. "Não podemos aceitar uma redução tão grande. Vamos negociar."
Ilídio Lico, vice-presidente de futebol do clube, mostra-se irredutível. "Não é possível dar o que não temos", avisou.
"Os jogadores não vivem no Brasil? Então eles vão entender que a situação está difícil. As bilheterias estão fracas."
No Palmeiras, a proposta também não agradou o elenco.
A Folha apurou que os jogadores querem receber o dobro, ou seja, R$ 1.200,00 por vitória.
Eles concordam, no entanto, que metade fique acumulada num fundo, sendo paga apenas se o time chegar à fase final do campeonato.
Outra sugestão que os jogadores, liderados por Velloso, Cafu e Muller, devem fazer é a de receber uma porcentagem da bilheteria.
Eles argumentam que é uma forma de premiar a produtividade. Caso a equipe esteja bem, a tendência é o aumento do público e da renda e, consequentemente, do bicho.
O Palmeiras lidera na média de renda (R$ 175.078,50) e de público (15.156 pagantes) no Paulista.
Para a Portuguesa, porém, a idéia não é das melhores.
Apesar da boa campanha da equipe, a média de renda (R$ 26.670,67) e de público (2.791 pagantes) do clube é menor do que a do campeonato (R$ 65.565,98 e 6.361 pagantes).

Texto Anterior: Eternos rivais
Próximo Texto: São Paulo estipula premiação até dezembro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.