São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Roberto Carlos tira o brinco

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A TANDIL

Menos de um ano depois de se transferir do Palmeiras para o clube italiano Inter de Milão, o lateral-esquerdo Roberto Carlos, 22, já planeja a volta ao Brasil.
Não vai nem colocar a filha mais velha na escola.
Ele não quer voltar agora, mas se lembra a todo momento do último dia do contrato, que promete cumprir: 26 de maio de 1998.
Hoje, contra o Paraguai, Roberto Carlos promete atacar mais que diante do Peru.
Mas, como domingo, não jogará com o brinco que usa na Itália: uma argola de ouro com um brilhante caído.
"Na América do Sul os caras são capazes de agarrar o brinco e tirar a minha orelha fora", diz.
Na Itália, ele joga com o brinco. No Pré-Olímpico, só o usa em treinos e fora do campo.
(MM)
*
Folha - Você e sua família estão felizes na Itália?
Roberto Carlos - Sim. Minha filha Roberta, de dois anos e sete meses, adora quando neva. Ele faz bolas para brincar. Mas não vou colocá-la na escola local.
Folha - Por quê?
Roberto - Quero que ela aprenda português. Não vou ficar muito tempo lá.
Folha - Por quê?
Roberto - Todo mês minha mulher vem a São Paulo, com saudade. Ela sente falta da família. Minha filha ouve música brasileira, chora e pede pela avó.
Folha - Você quer voltar já para o Brasil?
Roberto - Não. Vou cumprir meu contrato.
Folha - Como começou sua polêmica com o argentino Batistuta?
Roberto - Num jogo contra a Fiorentina, ele me chutou e eu fiquei três partidas contundido.
Na semana passada, acertou uma cotovelada na minha boca e sangrou.
Folha - Como começou o bate-boca público?
Roberto - Alguém publicou que eu teria afirmado que o Batistuta sente inveja por não ser tetracampeão mundial, o que eu não disse.
Folha - O que acha dele?
Roberto - É um baita jogador. O problema é ficar dizendo um monte de bosta. Parece que sou moleque.
Folha - Qual o próximo capítulo dessa história?
Roberto - A Fiorentina fará dois jogos em Milão. Espero que ele se saia bem, porque armou um grande problema com a torcida.
Folha - Por que Zagallo gritou tanto com você no jogo com o Peru?
Roberto - Ele dizia para eu ir à frente. Na Inter, sou lateral e o técnico quer que eu seja melhor marcador.
Eu me esqueci que na seleção sou ala e tenho que atacar. Fiquei muito atrás.
Folha - Você gosta de marcar?
Roberto - Estou tentando marcar melhor para ser mais completo. Mas se ficar marcando vou ser um jogador normal, igual aos outros. E eu não quero ser normal.

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