São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Sem-terra presos começam greve de fome

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

Três dos quatro líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) presos há quase um mês em Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo) entraram ontem à tarde em greve de fome por tempo indeterminado.
A greve de fome foi confirmada, por meio de uma nota à imprensa, pelo delegado Otaviano Trindade, assistente da Delegacia de Polícia Civil da cidade.
Segundo Trindade, Claudemir Cano, Felinto Procópio e Laércio Barbosa, presos na cadeia de Presidente Prudente desde 25 de janeiro, tomaram café da manhã, mas deixaram de almoçar, anunciando o início da greve de fome.
Diolinda Alves de Souza, presa em Álvares Machado (590 km a oeste de São Paulo), não entrou em greve de fome, segundo a polícia, mas o MST disse que ela também iria aderir ao protesto.
A greve foi decidida como forma de protestar contra a prisão dos líderes do MST no Pontal.
Os quatro foram presos por ordem da Justiça, acusados de "formação de quadrilha", por coordenarem invasões de terras na região.
José Rainha Jr. (principal liderança do MST na região) e Márcio Bueno, que também tiveram prisões decretadas, estão foragidos. Valter Gomes, da coordenação do MST no Pontal, disse ontem que a greve é uma forma de pressionar a Justiça a rever as prisões.
"Nós consideramos essas prisões políticas, pois elas visam unicamente desmobilizar a luta dos sem-terra pela reforma agrária, que é justa e reconhecida pela sociedade", declarou Gomes.
Os coordenadores do MST Gilmar Comparato, Valentin de Gásperi e Ivan Carlos Bueno iniciaram ontem um "jejum" de três dias, em solidariedade aos presos.
Eles estão acampados numa área do campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Lourdes Azedo, funcionária do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), também aderiu ao "jejum".

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