São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Saddam deu garantias a genros, diz jornal

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente iraquiano, Saddam Hussein, teria dado garantias de segurança, por meio de um vídeo, a seus genros desertores. Eles foram mortos na sexta-feira, dois dias após voltarem a Bagdá, revelou o jornal do Kuait "Al Qabas".
Em gravação de três minutos enviada a Amã (Jordânia), o presidente teria afirmado que os dois poderiam voltar em segurança.
Além disso, Saddam Hussein teria dado garantias por escrito aos desertores por intermédio de suas filhas.
O general Hussein Kamel Hassan e seu irmão Saddam Kamel Hassan saíram do Iraque em agosto passado, com suas mulheres e famílias. Hussein Kamel liderava o programa paralelo de armas do Iraque, sob investigação.
Após a deserção de Hussein Kamel, o Iraque divulgou segredos militares que poderiam cair em poder dos EUA por meio dele.
Na sexta-feira passada, dois dias após voltarem a Bagdá, os dois irmãos, um terceiro irmão e o pai deles foram mortos em Bagdá num conflito com membros do clã Al Majid, ao qual pertenciam.
"Os traidores foram para o inferno sem deixar saudades", disse comunicado da família de Titkrit (a cidade de Saddam Hussein).
Horas antes do assassinato, a TV iraquiana anunciou que Raghad, mulher de Hussein Kamel, e Rana, mulher de Saddam Kamel, haviam se divorciado.
Ontem o rei Hussein, da Jordânia, que abrigou os dois irmãos durante seu exílio de seis meses, disse ter sentido "nojo" após o assassinato deles.
Antes de partir em viagem para o Reino Unido e para os EUA, ele afirmou que buscaria apoio para uma política mais firme contra o governo iraquiano.
O rei Hussein teria encontros previstos com líderes da oposição iraquiana, em Londres. Na semana passada, a Jordânia permitiu que oposicionistas iraquianos abrissem um escritório em Amã.
Por não ter sido aceito como líder da oposição e não ter recebido apoio dos EUA e da Jordânia para assumir esse papel, Hussein Kamel teria voltado para Bagdá.
Oposicionistas iraquianos viam-no como cruel repressor das revoltas xiitas que irromperam no país após o final da Guerra do Golfo (1991).
Um enterro de mártires foi reservado ao dois dos membros do clã Al Majid que ajudaram a matar Hussein Kamel e seu irmão, mas acabaram mortos no tiroteio.
Voltou ontem a Bagdá o principal negociador iraquiano em conversações com as Nações Unidas para suspender o embargo imposto contra a compra de petróleo do Iraque após a invasão do Kuait (1990), que acabou causando a Guerra do Golfo.

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