São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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FHC defende liberdade a líderes do MST

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem a libertação dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) presos em São Paulo: Diolinda Alves de Souza, Claudemir Cano, Felinto Procópio e Laércio Barbosa.
A defesa foi feita em conversa com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, durante solenidade com representantes de lideranças negras.
Vicentinho fez a reivindicações a FHC mesmo sabendo que a questão é jurídica.
Desde 25 de janeiro esses líderes dos sem-terra, que atuam no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo), estão detidos sob a acusação de formação de quadrilha. Além deles, foi decretada a prisão preventiva de José Rainha Jr., que está foragido.
Vicentinho aproveitou a solenidade no Palácio do Planalto, da qual participava como convidado, para fazer o pedido em favor dos sem-terra presos.
"Estou angustiado. Vou falar com o presidente para ver como ele pode ajudar a liberá-los, senão sou capaz de fazer algo mais que apenas reclamar", disse o sindicalista ao chegar, sem dar detalhes do que poderia fazer.
Usou um dos principais motes do governo FHC para cobrar o que chamou de "coerência".
"Não dá para falar em modernização neste país com uma coisa dessas (a prisão) acontecendo. Mas estou aqui para mostrar a contradição. Não posso é ficar trocando interesses de trabalhadores", afirmou o líder da CUT.
Logo depois da rápida conversa com Vicentinho, FHC deu declarações favoráveis ao pedido.
"O Executivo não pode pressionar o Judiciário. Só posso dar a minha opinião, que é a de que, se possível, termos gente livre é melhor. Não vejo razão para manter as pessoas presas", disse aos jornalistas. "Agora, não posso insistir nisso. Isso é uma questão da Justiça primeiro", afirmou FHC.
Abraço
Vicentinho não tinha audiência marcada com o presidente, mas nem precisou se esforçar para conversar com ele.
Apesar de ter ficado no fundo do salão do Planalto onde se realizou a cerimônia, o sindicalista foi visto pela primeira-dama, Ruth Cardoso, que alertou o marido. FHC, então, dirigiu seus cumprimentos ao líder da CUT.
Ao final, o presidente insistiu para que Vicentinho posasse ao seu lado junto a líderes do movimento negro presentes.
"É só para isso (para fotos) que me chamam?", perguntou a FHC. Ele posara fartamente ao lado do presidente por ocasião do acordo da Previdência. Fernando Henrique, então, respondeu que não, puxou Vicentinho e lhe deu um abraço. Mais fotos.

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