São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996 |
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Governo faz operação para abafar CPI
LUCAS FIGUEIREDO
O PMDB atendeu o pedido de FHC e só vai se posicionar sobre o caso após os depoimentos do presidente do BC (Banco Central), Gustavo Loyola, e dos diretores Alkimar Moura (Política Monetária) e Cláudio Mauch (Fiscalização) na próxima terça, no Senado. O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), tem evitado alimentar o coro da oposição pela criação da CPI. O partido é o fiel da balança na discussão sobre a criação da CPI. Ontem, o senador Antônio Valadares (PSB-SE) começou a colher assinaturas para a formação de uma CPI no Senado, mas só conseguirá as 27 assinaturas necessárias (um terço do Senado) se contar com o apoio do PMDB -ele computada ontem 15 assinaturas. O PT também busca apoio para a criação de uma CPI mista do Congresso (Câmara e Senado), mas não está conseguindo passar das 24 assinaturas de senadores -faltando ainda três. A oposição ao governo no Senado já está pessimista. "Acho difícil sair a CPI. Nós temos o poder de persuasão, mas não temos a maioria de votos", afirmou ontem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Atuação de FHC O controle da crise pelo governo contou com a participação direta do presidente FHC. Em uma reunião tensa anteontem, no Palácio do Planalto, ele fez um apelo aos líderes do Senado para o caso seja tratado com racionalidade, já que uma CPI poderia abalar as reformas no Congresso, o sistema financeiro e o próprio Plano Real. O presidente disse que as irregularidades nos bancos estão vindo à tona somente porque o BC estaria investigando a fundo. FHC prometeu punir os envolvidos nas fraudes, estejam eles dentro ou fora do governo. O discurso -assumido também pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e pelo líder do governo, Elcio Alvares (PFL-ES)- conseguiu convencer os líderes do PMDB, Jader Barbalho, e do PSDB, Sérgio Machado, que questionavam o presidente diante das notícias de que o BC, a Fazenda e o Planalto sabiam das irregularidades. A "operação-bombeiro" começou a dar certo com o adiamento dos depoimentos da direção do BC no Senado. Loyola, Alkimar e Mauch deveriam depor ontem, mas as audiências ficaram para a próxima terça-feira. Depois de ganhar tempo para a exposição pública da direção do BC, o governo obteve o apoio do PMDB para minar a idéia da criação de uma supercomissão no Senado para investigar as irregularidades. Texto Anterior: Tiros nas auditoras Próximo Texto: Crise 'emperra' solução para bancos Índice |
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