São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Indy conquista 'patriotas' da F-1

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE; MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Indy cumpre hoje para o brasileiro o mesmo papel que a F-1 desempenhava até o começo da temporada de 1994. Trata-se da categoria automobilística em que há chance de se ver um compatriota vencer corridas e até brigar pelo título.
Desde o início da década de 70, quando, com Emerson Fittipaldi, criou-se o hábito de se assistir a vitórias e conquistas nacionais em terras estrangeiras, até o fenômeno Ayrton Senna, que aglutinava competência dentro das pistas e também fora delas, no marketing pessoal, a F-1 reinou absoluta na preferência do público.
Não propriamente pelas corridas, mas porque se podia torcer por um ídolo local. O período que sucedeu a morte de Senna, durante o GP de San Marino, em maio de 94, até o início de 95 foi um verdadeiro vácuo em termos de interesse do brasileiro pelo automobilismo.
Este só foi recuperado no ano passado, devido a dois fatores: primeiro, descobriu-se que havia sete pilotos do Brasil na Indy e que parte deles tinha chances de vencer GPs.
Segundo, que a F-1 poderia ser interessante como esporte, independentemente do lugar em que Rubens Barrichello chegasse.
Dessa maneira, a Indy passou a representar um papel como aquele da F-1 de antigamente. E as vitórias realmente vieram, uma com Emerson Fittipaldi, em abril, uma com André Ribeiro, em agosto, e outra com Gil de Ferran, em setembro.
Já a categoria européia manteve o público que gosta de automobilismo puro e simples. Basta lembrar que um piloto do país não vence uma prova de F-1 desde 7 de novembro de 93, quando Senna ganhou o GP da Austrália.
Ou seja, o brasileiro se aproxima hoje da visão que a F-1 tem de si própria -ser um espetáculo mundial, cosmopolita.
Por outro lado, se afasta da filosofia da Indy -que se julga equilibrada e tipicamente norte-americana, e não um celeiro de vitórias brasileiras.
Trilhando ou não esses dois caminhos, o Brasil é alvo da política expansionista de ambas as categorias, em uma luta por audiência e por novas fontes de patrocínio.
Não é à toa que as chamadas para as corridas da Indy, no SBT, são feitas pelos oito brasileiros que competirão este ano. Já as da Globo, que transmite a F-1, não enfatizam os três pilotos nacionais inscritos para esta temporada, mas a competição propriamente dita.
(JHM e MT)

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