São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Bracher trabalha 12 horas por dia

DA REPORTAGEM LOCAL

Candido Bracher é hoje citado pelo mercado financeiro como um dos mais preparados entre os herdeiros de bancos.
Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e com passagem por quatro bancos, incluindo o Swiss Bank, na Suiça, ele já foi lembrado para ser diretor do Banco Central.
Aparentando menos do que os seus 37 anos, ele é muito discreto sobre sua vida pessoal. O que mais gosta de fazer quando não está no banco (onde passa 11 ou 12 horas por dia) é curtir os dois filhos e ler.
Hoje, Bracher é o responsável por duas áreas no BBA, a tesouraria e a de mercado de capitais.
Ele cita o setor de mercado de capitais como um exemplo de como a expansão do banco foi orientada pelas necessidades dos clientes.
Há algum tempo, o banco descobriu que a melhor alternativa de financiamento para um cliente era o lançamento de eurobônus. A empresa perguntou se o BBA não podia liderar a operação, o que nunca tinha sido feito anteriormente.
Pouco dogmático
A direção do banco topou e acabou entrando num setor onde já foram captados mais de US$ 500 milhões no exterior para empresas instaladas no Brasil. Em dois meses, esse total deverá chegar a US$ 800 milhões, prevê Bracher.
"Somos um banco pouco dogmático. Estamos sempre à procura de produtos criativos, que resolvam os problemas dos clientes."
O BBA também foge dos padrões tradicionais dos bancos no modelo adotado para o trabalho da sua diretoria. Fernão Bracher, presidente do BBA, Antonio Beltran Martinez, ex-Bradesco e hoje vice-presidente do banco, e os quatro diretores dividem a mesma sala, embora cada um tenha a sua própria mesa.
Com isso, as decisões podem ser tomadas mais rapidamente. Além disso, segundo Bracher, esse modelo de convivência permite que os quatro diretores sejam "perfeitamente intercambiáveis entre si".
Embora cada um dos quatro dirija áreas de atuação bem delimitadas do banco, quando um deles não está disponível, é substituído automaticamente por outro.
Outra decisão foi que toda a diretoria do BBA, e não apenas um diretor, tomasse conta da área de recursos humanos.
A preocupação com a qualidade dos funcionários incluiu um programa de distribuição dos resultados com uma cláusula heterodoxa: uma porcentagem dos funcionários "de ponta" não recebe bônus.
O objetivo é estimular a competição, mas sem exageros. "A energia para competir deve ser voltada para a disputa com outros bancos."
O espírito de equipe, assim, seria outra chave para entender o BBA, hoje com um patrimônio líquido de R$ 315 milhões e uma das maiores taxas de lucratividade do setor.

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