São Paulo, domingo, 3 de março de 1996 |
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'Serviços secretos serão reformados'
DO "EL PAÍS" Opositor vê falhas no atentado que sofreuO Partido Popular realizou um congresso plebiscitário sem uma única discordância. Seu líder, José Maria Aznar, sente que está na crista de uma onda que o levará hoje a ser premiê. Mas sabe que as unanimidades terminarão lá mesmo. Aznar sofreu atentado reivindicado pelo grupo separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade) em 19 de abril de 95. * Pergunta - O sr. disse que o que mais o preocuparia no caso GAL é que o chefe do governo não tivesse sabido de nada. José Maria Aznar - Ninguém com bom senso acredita que atuações como a do GAL possam ocorrer, por tanto tempo, sem conhecimento do governo. Pergunta - Então seria preciso levar González aos tribunais? Aznar - Essa é uma questão que não compete a mim. Pergunta - O sr. anunciou que, se chegar ao governo, não reabrirá o inquérito sobre os GAL. Qual será sua posição? Aznar - O cumprimento da lei e o respeito às normas de um Estado de direito. Quero olhar para o futuro. Não tenho interesse em revolver o passado. Pergunta - Ninguém deve esperar de um governo do PP medidas de perdão aos implicados na guerra suja contra o ETA? Aznar - Não existe possibilidade alguma de uma lei de ponto final ou coisa parecida. Pergunta - Dez meses se passaram desde que o atentado do ETA. Ficou alguma sequela? Aznar - Nem pessoal nem política. Pergunta - Depois de sofrer o atentado, o sr. disse que não iria prestar queixa, mas que atribuía ao ministro Juan Alberto Belloch um fracasso dos serviços de informação. Aznar - Digo que os serviços de informação não estão vivendo seu melhor momento. Pergunta - Qual deve ser o papel deles numa democracia? Aznar - Vamos reordená-los e redimensioná-los segundo as necessidades. Pergunta - E o Parlamento, terá alguma capacidade de controle sobre eles? Aznar - Deve haver um controle periódico, estabelecido no regulamento do Congresso. Pergunta - Para exercer a oposição, o sr. utilizou todos os recursos, menos uma moção de censura. O sr. não teme que alguém pense que tentou esquivar-se? Aznar - Para ser aprovada, a moção de censura requer maioria absoluta. A atitude de outros grupos, que preferiram apoiar o governo, tornou desaconselhável a apresentação de uma moção de censura. Cheguei a propor, inclusive, uma moção de censura para a convocação imediata de eleições. Pergunta - O sr. oferece um pacote social global. Mas sindicatos e empresários têm evitado acordos assim. Aznar - Ofereço um acordo social sem condicionamento. Ponho duas coisas na mesa: um pacto de austeridade da administração pública e a garantia dos mecanismos de coesão e proteção social. Não pergunto "e os srs., qual sua contribuição?" Conto com o objetivo comum: criar empregos. Pergunta - O sr. levará a cabo uma reforma trabalhista? Aznar - Criar empregos é responsabilidade das empresas. A responsabilidade do governo é criar um marco jurídico, econômico e político que gere confiança, investimentos e que possibilite um crescimento que nos aproxime dos países europeus mais competitivos. Parece-me mais importante, por exemplo, favorecer a queda das taxas de juros. Pergunta - O ano passado chegou ao fim com um déficit em torno dos 5,7%. Como o sr. pensa em conseguir reduzi-lo? Cortando impostos? Aznar - Sei como isso não se consegue: com uma política como a atual, com impostos altos, endividamento elevado e gastos crescentes. Pergunta - A estrela de seu programa é uma reforma fiscal. Quando irá abordá-la? Aznar - Faremos a reforma seguindo o passo das políticas de controle dos gastos. No orçamento de 1997 devem aparecer as primeiras medidas. Pergunta - É possível recolher o mesmo cortando taxas? Aznar - Não apenas é possível, mas é o que se deve fazer. Pergunta - O sr. gosta de lembrar que tem um projeto nacional. Costuma dizer que tem uma idéia da Espanha. Aznar - A Espanha é algo vivo, amado e apreciado pelos espanhóis. Uma Espanha forte é compatível com a realidade de uma Espanha plural. Texto Anterior: País cresceu 43,4% no período Próximo Texto: 'Corrupção é o que mais prejudica' Índice |
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