São Paulo, domingo, 3 de março de 1996 |
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Espanha põe fim a 13 anos de socialismo
CLÓVIS ROSSI
Ocorre que o conservador PP (Partido Popular), de José Maria Aznar, aparece à frente nas pesquisas, mas elas também mostram que não lhe será fácil atingir a maioria absoluta dos 350 parlamentares a serem eleitos hoje. Se de fato não alcançar a maioria absoluta necessária para aprovar sem sustos seus planos de governo, Aznar terá de recorrer a alianças. Mas, na campanha, trocou farpas com os grupos políticos com os quais uma aliança seria natural. São os também conservadores PNV (Nacionalista Vasco) e CiU (Convergência e União, da Catalunha), partidos regionais fortes. Durante o mais recente governo, de 1993 em diante, forneceram ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de González o complemento para a maioria que os socialistas não obtiveram nas urnas. Margem suficiente até para dar ao PSOE a sua quinta vitória eleitoral consecutiva, se os indecisos resolverem apoiar o governo, hipótese improvável. A diferença nas pesquisas gira em torno de dez pontos percentuais. Se, entretanto, ocorrer a provável vitória do PP, será menos confiança no partido e mais uma derrota da prepotência socialista, construída nos 13 anos em que González, 53, chefiou o governo e que se arrastou até a campanha. O PSOE indicou como o quinto nome de sua lista de candidatos por Madri o ex-ministro do Interior José Barrionuevo, indiciado pela Justiça sob a acusação de encobrir os crimes dos GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação), paramilitares que combatiam a organização separatista basca ETA. Como o eleitor espanhol não vota em nomes, mas na lista de cada partido, quem quiser votar no PSOE será forçado a votar em um político indiciado por "detenção ilegal, mau uso de fundos públicos e associação com bando armado". Mais do que votar, elegerá Barrionuevo, já que não parece haver hipótese de o PSOE eleger, em Madri, menos do que cinco de seus candidatos (elegeu 13 em 1993). González admite, só agora, a prepotência e os danos à imagem do partido e do governo causados pelos escândalos. "Temos que fazer um exercício de humildade e dizer às pessoas que tentaremos fazer com que isso (os escândalos) nunca mais voltem a ocorrer", disse no mês passado. As pesquisas sugerem que chega tarde demais o mea-culpa de González -e, pior: seu substituto, se as pesquisas se confirmarem, será um homem por quem nutre profundo desprezo, José Maria Aznar, 43. "O problema é quase físico. Eles não podem suportar a companhia um do outro", afirma Adolfo Suárez, que conduziu a transição da ditadura franquista e se tornou o primeiro premiê democrático da Espanha, em 1977. Texto Anterior: China dribla proibição a jogo de azar Próximo Texto: País cresceu 43,4% no período Índice |
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