São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Previdência dos congressistas; Retorno garantido; Ensino religioso; Descontentamento; Terras indígenas; Progresso; Aniversário

Previdência dos congressistas
"No intenso debate sobre a reforma da Previdência, o PSDB tem manifestado sua clara posição contrária aos sistemas privilegiados de aposentadoria. Nesse contexto, o partido decidiu de forma unânime, em reunião realizada em 13/2, apoiar a extinção do IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas), fato que a Folha evitou noticiar. Sabemos que a defesa do fim do IPC gera reações em setores que perderão privilégios, mas o que causa estranheza é a forma pela qual a Folha atende a esses setores ao pinçar meu nome de uma lista de 329 parlamentares que pagam um financiamento junto ao IPC para a compra de um automóvel. Não me preocupa a divulgação desse fato, que não encerra qualquer irregularidade e que se insere nas operações normais de um órgão como o IPC, que precisa aplicar seus recursos e assegurar o retorno a seus participantes. O que causa estranheza é a intenção de apontar uma única pessoa, exatamente o líder de um partido que votará -por decisão unânime da bancada- pelo fim do IPC. De forma gratuita, a Folha afirma que estou na 'contramão do Plano Real'. O jornal tira essa conclusão absurda devido aos juros e prazo do financiamento. Gostaria de transmitir as informações que recebi do presidente do IPC, deputado Heráclito Fortes, e não registradas na reportagem. Em primeiro lugar, o IPC tem condições de cobrar juros abaixo dos praticados pelo sistema financeiro exatamente por não ter os custos operacionais dessas instituições. E quanto aos prazos: na época oportuna, houve consulta técnica ao Banco Central, que concluiu não ser o caso de incluir o IPC entre as instituições que não poderiam praticar financiamentos por prazo superior a seis meses."
José Aníbal, líder do PSDB na Câmara dos Deputados (Brasília, DF)
Resposta do jornalista
Lucio Vaz - A reportagem da Folha pediu informação ao IPC sobre empréstimos concedidos aos líderes que estão negociando o fim do instituto. A informação foi a de que apenas o deputado José Aníbal tinha esse tipo de empréstimo.

Retorno garantido
"A Bolsa de Benefícios nasceu em 1992, com o objetivo de administrar, comercializar e desenvolver seguro-saúde de modo a atender as expectativas dos consumidores mais exigentes, pois as chances de estes contratarem um seguro-saúde adequado são remotas sem a assessoria de profissionais especializados, que além de interpretar as necessidades do cliente precisam pesquisar entre as mil empresas que compõem o setor e as múltiplas opções por elas oferecidas. Nosso desafio era identificar esses consumidores, o quadro de vendedores e funcionários para dar suporte ao projeto, desde o office-boy a profissionais com qualificação acadêmica. Na seleção dos vendedores a Folha foi o jornal mais usado, tendo sido constatado que o número de candidatos que nos procuravam a cada anúncio não só era maior, como também o mais qualificado. Treinamos mais de 2.000 candidatos para identificar 150 profissionais com o nosso perfil, que ao longo deste período foram responsáveis pela angariação de 50.000 clientes com um nível de satisfação nunca visto antes em nosso país, acumulando prêmios da ordem de US$ 60 milhões, nos transformando na maior concessionária do Saúde Bradesco e na maior empresa de vendas de seguro-saúde do Brasil. Alcançamos esse grande sucesso porque contamos com parceiros como os 150 colaboradores superespecializados, a Bradesco Seguros com a maior infra-estrutura de atendimento do país e a Folha, inquestionavelmente o jornal mais eficiente para se recrutar hoje."
Darci Maria de Oliveira, diretor comercial da Bolsa de Benefícios (São Paulo, SP)

Ensino religioso
"A Igreja Católica continua insistindo na instituição do ensino religioso nas escolas, sob o seu controle, é claro. Para nós, muçulmanos, certamente isso é motivo de apreensão em nada tranquilizada por artigos como o da edição de 13/2. Até hoje não se conseguiu tratar com justiça os muçulmanos nos livros didáticos de história, onde o Islam é apresentado de forma enviesada e desrespeitosa não só para com os muçulmanos, mas em relação à própria verdade histórica. Será que em aulas de religião dadas por católicos se terá melhor resultado? O próprio bispo que assina o artigo já demonstra desconhecer coisas básicas como o fato de o nome do último profeta do Islam ser -de acordo com as regras de transliteração adotadas pelo Manual da Folha- Muhammad. 'Maomé', tal como ele o chama no artigo, é a corruptela do nome de um demônio medieval, Bafomé, que os católicos adotaram na Idade Média numa tentativa de desmoralizar o Islam."
Carlos Alexandre Gomes (São Carlos, SP)
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"A questão do ensino religioso em São Paulo foi resolvida de forma democrática, correta e sobretudo com extremo respeito a milhões de fiéis de religiões não-cristãs como os afro-descendentes (umbanda, candomblé e tradição de orixás), judeus, budistas, muçulmanos, entre outras. A comissão criada pela Secretaria de Educação foi de extrema competência, independência, coragem e respeitosa com as 'minorias'. É inaceitável a arrogância de d. Amaury Castanho, bispo coadjutor de Jundiaí, que em carta enviada a este jornal explicita todo o seu preconceito ao afirmar: 'Desejamos que também os protestantes o tenham'. A manifestação do bispo demonstra como a igreja católica está distante do povo e como é incapaz de atendê-lo com conforto espiritual em um mundo moderno e conturbado. Imagina o sr. bispo que é possível, hoje, impor o cristianismo à força como o fizeram no século 15, quando os católicos europeus, abençoados pela igreja, invadiram os continentes africano e americano matando e escravizando milhões de pessoas. Basta de intransigência. A construção de uma sociedade livre, justa, igualitária e solidária passa pelo respeito e aceitação de todas as formas de expressão religiosa."
Antonio Carlos Arruda da Silva, presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (São Paulo, SP)

Descontentamento
"Gostaria de expressar o meu descontentamento em relação aos artigos falaciosos do sr. Roberto Campos, que todos os domingos não se cansa de repetir o mesmo discurso sobre o corporativismo estatal, a magnitude do Estado etc e tal. Como é possível um cidadão que está atrelado ao Estado há mais de quatro décadas e que participou de um governo que conferiu ao Executivo poderes excepcionais, como cassar mandatos sem a prévia autorização do Congresso, falar em corporativismo e moral pública?"
Ricardo Mariatti (Osasco, SP)

Terras indígenas
"Quando Cabral desembarcou nestas terras havia mais de 5 milhões de indígenas, segundo os pesquisadores. Hoje esse número está em torno de 200 mil, de acordo com os mesmos pesquisadores, graças ao espírito humanitário dos invasores. E por algo semelhante, ou seja, por amor à democracia, o governo decretou o 1.775/96, pelo qual se abrem brechas para a penetração dos poderosos nas áreas indígenas demarcadas não-homologadas. O que é realmente contraditório, no caso, é essa democracia imposta aos povos autóctones (donos, de direito, dessas terras), que são ecologicamente preservados no atraso e na ignorância para a manutenção do status quo cultural aético dos maquiáveis desta nação."
Satoru Guibu (Presidente Prudente, SP)

Progresso
"Clóvis Rossi, por meio de sua coluna de 1º/3, tirou da garganta de quem vive na cidade de São Paulo a resposta ao prefeito Paulo Maluf, que com suas declarações deixou claro que se depender dele o trânsito vai piorar ainda mais. Não votar em Maluf é progresso."
Clébio Borges (São Paulo, SP)

Aniversário
A Folha agradece os cumprimentos pela passagem do seu 75º aniversário que recebeu de: Oscar Fakhoury, diretor-superintendente da BMD (São Paulo, SP); Omar José Ozi, presidente da Câmara Municipal de Itapetininga (Itapetininga, SP); Murillo Antunes Alves, vereador (São Paulo, SP); Câmara de Vereadores da Estância Turística de Itu (Itu, SP).

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