São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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nem posto 9, nem Bertioga

Pesquisa mostra que frequentador do litoral norte paulista não é tão avançado quanto o carioca nem tão conservador quanto o brasileiro típico
Eles não vão ao cinema nem ao teatro. Na época do apito e do Posto 9, são contra a legalização do uso da maconha. Têm loucura por uma mulher madura: Luiza Brunet. A melhor diversão é azarar as meninas na areia, enquanto chupam um sorvete Kibon. A Revista da Folha apresenta com exclusividade uma pesquisa que revela o comportamento do frequentador do litoral norte de São Paulo, o mais rico do estado.
O levantamento foi realizado pelo Datafolha em 27 de janeiro deste ano. Foram entrevistadas 433 pessoas em praias de São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba e Ilhabela. A partir da pesquisa, é possível traçar um perfil dos turistas (em sua maioria, paulistanos) que, todos os anos, tomam conta do melhor trecho do litoral paulista.
Há uma boa notícia para quem procura a sua garota de verão: 53% dos frequentadores dessas praias são mulheres, contra 47% de banhistas masculinos. Mas a oferta é boa para todos. No geral, os frequentadores têm entre 26 e 40 anos, cursaram nível superior e têm renda superior a 20 salários mínimos.
Difícil é saber o que eles fazem quando não estão na praia. Um quinto dessas pessoas vai ao cinema menos de uma vez por ano, um quarto delas nunca foi ao teatro, um terço nunca viu uma exposição. Os que não leram nenhum livro em 1995 chegam a 23% -metade dos entrevistados diz ter lido entre um e cinco livros. Também não ouvem rock'n'roll. O gênero fica em quinto lugar, atrás de MPB, reggae, pagode e até da música clássica.
A maioria viaja no próprio carro, prefere casas (próprias, emprestadas ou alugadas) a hotéis e evita os restaurantes (comem em casa). As opiniões também são uma coisa "família": 58% acham que o uso da maconha deve continuar proibido e 36% acham que a lei do aborto deve ficar como está.
Os resultados são um pouco menos conservadores se comparados com os de pesquisa nacional realizada pelo Datafolha em março do ano passado: na época, 81% dos brasileiros declararam ser contra a legalização do uso da maconha e 53% foram pela manutenção da lei sobre o aborto.

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