São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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Teen de 15 anos vira professor de futebol

DA REPORTAGEM LOCAL

Luís Augusto Nascimento, 15, o Guto, é ao mesmo tempo aluno e professor na mesma escola. Explica-se: além de cursar o primeiro colegial da Angélica, no Alto da Lapa (zona oeste de São Paulo), ele é também o professor de futebol do colégio.
Isso não aconteceu por acaso. A escola resolveu contratar o menino depois de saber que ele é um craque do futebol.
Guto, que atualmente joga no time Pequeninos do Jóquei e também treina no São Paulo, tem um currículo de causar inveja em muito jogador profissional.
Ano passado, ele passou uma temporada de seis meses na Alemanha, onde foi titular do time Kalrhue, da cidade homônima, no interior do país.
Com o Kalrhue, Guto disputou campeonatos em vários países da Europa. "Joguei na Holanda, na Grécia e na Bélgica", conta o garoto, que não esconde o orgulho ao mostrar suas medalhas.
O convite para dar aulas no colégio aconteceu após ele voltar de viagem, em agosto do ano passado. Hoje, Guto dá aulas para as turmas do pré-primário à quarta série do colégio. Até o final do ano, ele deve pegar também as turmas do segundo grau.
Ele não se intimida como professor. "Sou muito calmo, mas quando é preciso gritar, eu grito", diz.
Ele conta que não tem nenhuma técnica especial para dar as suas aulas. "Ensino na prática, mas minha inspiração são os professores de futebol que eu tive."
Segundo Guto, a idade não faz com que ele seja desrespeitado pelos alunos. "Pelo contrário, eles acham legal ter um professor novo", diz.
Guto conta que dar aulas ajuda no seu próprio treinamento como jogador. "Enquanto explico as jogadas, vou aperfeiçoando a minha técnica", diz.
Os planos do jogador são ambiciosos. Ele aguarda um convite do Kalrhue para voltar a integrar o time e pensa em mudar de bola e cuia para a Europa.
"Fazer carreira lá fora é muito mais fácil. Aqui no Brasil, em qualquer esquina tem um moleque que joga bola bem. As condições profissionais também são muito melhores lá", diz.
Ele não tem dúvidas de que vai conseguir realizar os seus planos. "Ser um jogador importante é difícil, mas faço qualquer coisa para conseguir isso", diz.
Se for o caso, ele até pára de estudar. "Não sei se vai dar para fazer uma faculdade, se for atrapalhar a carreira, não farei", diz o fã do jogador Roberto Carlos, que atua na Itália, mas antes jogava no time rival do São Paulo, o Palmeiras.

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