São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Oposição tem presença limitada em depoimento

RAQUEL ULHÔA; LUCAS FIGUEIREDO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma manobra do governo vai limitar a participação de parlamentares de oposição durante depoimento hoje de Gustavo Loyola no Senado. A tática do Planalto também incluiu o "treinamento" de Loyola.
A estratégia é evitar o agravamento da crise gerada pelas notícias de irregularidades no sistema financeiro -em especial nos bancos sob intervenção do BC (Nacional, Econômico, Banespa e Banerj). Só o Nacional tem um rombo superior a R$ 5 bilhões.
Para restringir a participação da oposição, o governo limitou o depoimento de hoje a uma sessão conjunta das comissões do Senado e da Câmara que analisam MPs (medidas provisórias) sobre o programa de incentivo a fusões de bancos.
O PT está representado nessas comissões por somente um parlamentar, o deputado Milton Temer (RJ). Outros parlamentares poderão participar, mas será dada preferência aos 44 membros das duas comissões.
No entanto, será pequena a chance de participação de senadores e deputados que não fazem parte das comissões. Isso acontecerá devido a outra articulação do governo, que conseguiu limitar a duração do depoimento de Loyola.
O depoimento seria realizada no plenário de uma das comissões, sem horário de término. Entretanto, o Planalto conseguiu transferir o depoimento para o plenário do Senado, onde necessariamente deverá acabar até às 14h30 -horário da sessão principal da Casa.
A oposição também tem sua estratégia: forçar Loyola a entrar em contradição com declarações já dadas e com isso forçar a criação de uma CPI dos bancos.
A exposição deverá começar às 10h e será transmitido pela TV do Senado, transmitida somente Brasília, em caráter experimental, pela TV paga Net.
O presidente do BC também iria passar por um "treinamento" para enfrentar as perguntas sobre irregularidades financeiras. Loyola seria submetido, ontem às 20h, a uma simulação do depoimento.
Estava prevista a participação do ministro Pedro Malan (Fazenda), líderes do governo no Congresso e os presidentes das comissões que ouvirão Loyola, senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e deputado Gonzaga Motta (PMDB-CE).
"O 'treinamento' pode até ajudar, mas espero que a lição de casa eles (diretores do BC) já tenham feito no final de semana", afirmou Suassuna.
RAQUEL ULHÔA, LUCAS FIGUEIREDO E DANIEL BRAMATTI

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