São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Passarella teme defesa

MARCELO DAMATO
ENVIADO A MAR DEL PLATA

O técnico da Argentina, Daniel Passarella, torce para que o Brasil jogue aberto, mas receia que Zagallo, seu colega brasileiro, ordene o contrário, para aproveitar a vantagem do empate.
"Zagallo dá mais atenção à defesa do que ao ataque", já dissera ele na Copa América de 95, no Uruguai.
Dessa vez, evitou qualquer polêmica. "Faz melhor quem fala menos", disse, ao se recusar a comentar a defesa brasileira.
(MD)
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Folha - Zagallo diz que todas as seleções se retrancam para enfrentar a seleção brasileira. A Argentina vai ser uma exceção?
Daniel Passarella - Penso o mesmo que Zagallo. Todas as seleções jogam retrancadas contra a Argentina. Nós só jogamos para ganhar.
Folha - Em ambos os jogos contra a Venezuela, a Argentina teve problemas para vencer. Por quê?
Passarella - Eles só se defenderam. Jogaram pensando em perder de pouco. Torço para que o Brasil faça o mesmo. Mas há a vantagem do empate e pode acontecer diferente.
Folha - Acha a defesa brasileira fraca para parar o ataque argentino?
Passarella - Não quero falar disso. No futebol, faz melhor quem fala menos.
Folha - Para esta competição você tomou decisões polêmicas. Arrepende-se de alguma?
Passarella - É verdade, fiz algumas apostas fortes. A não-convocação dos estrangeiros, como Zanetti (Internazionale) e Gustavo López (Zaragoza), é um exemplo. As entradas de Cavallero (goleiro) e Lombardi (lateral-direito) no time, também. Acho que acertei em tudo.
Folha - O que mudou entre essa seleção e a que foi mal na Copa América?
Passarella - A maior diferença é o tempo de preparação. Desta vez, tive 15 dias para treinar. Em 95, só alguns dias. Com mais tempo, erra-se menos.
Folha - Qual é o ponto forte da seleção argentina neste Pré-Olímpico?
Passarella - Creio que é a atitude. Não menosprezamos ninguém. Vamos sempre em busca do gol. Não buscamos dar espetáculo, mas o modo como nós jogamos faz com que ele surja.
Folha - Como encara as eliminatórias?
Passarella - Nessa competição deixa de existir o técnico da seleção e surge o selecionador de jogadores.
Como eles vão vir para mim só cinco dias antes dos jogos, vai ser quase impossível fazer qualquer refinamento tático.

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