São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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E o evidente que não se vê foi até Prudente...

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, há verdades insolapáveis (não sei se a expressão existe, mas como o verbo solapar tem a ver com a corrosão dos terrenos e o solo de jogo em Presidente Prudente era, literalmente, um campo minado...) no maravilhoso mundo do fut.
O diabo é que, paradoxalmente, além de serem insolapáveis, são etéreas, impalpáveis, invisíveis.
Imagine, por exemplo, o amigo ou o inimigo, algo, ao mesmo tempo, absolutamente óbvio e totalmente oculto.
Pois bem, o evidente (tóc, tóc, tóc, pé de pato mangalô três vezes, nada ver com a vidente de tragédias que está solta por aí) que não se vê, no domingo, fez as suas malas e voou, não sem alguma imprudência, para Presidente Prudente -aliás, às vezes, acho que o nosso Presidente é prudente demais, mas isso é uma outra conversa, não é mesmo?
E o que fez o evidente que não se vê? Calçou chuteiras pretas, meias verdes, calções brancos, camisas verdes com listras (se isto aqui fosse um sambinha, seria "listas") brancas e entrou em campo para enfrentar o time alvinegro do Corinthians.
Ouvi e li muita coisa sobre a vitória do time do Parque Antarctica sobre o time do Parque São Jorge (o futebol é mesmo um parque de diversões).
Falou-se muito em a) injustiça, b) culpa do Edmundo, que foi expulso na hora de reação do alvinegro contra o alviverde (nesses dias de muita sujeira, que sejam alvos os alvos, se é que você me entende), c) culpa dos três volantes e do esquema tático do técnico corintiano Eduardo Amorim etc.
Nadinha, nadinha disso. O Corinthians foi, nada além (como cantaria Orlando Silva) do que isso, a vítima de uma nova ilusão (e não i-Luizão, como você poderia pensar).
A ilusão, proporcionada pela fé na força sobrenatural de Almeida que é inerente à sua torcida e ao seu time, que quase virou realidade -enganando inclusive aos comentadores de jogo-, no segundo tempo, uma suposta reação alvinegra.
Mas, o evidente que não se vê, estava lá para isso mesmo.
Para lembrar que há uma fenda radical entre a possibilidade de o Corinthians vir a ser um bom time, e a verdade poderosa, absoluta e necessária, como se diz por aí no mundinho: que o time arquitetado por Wanderley Luxemburgo é absolutamente superior ao do alvinegro paulistano.
E que, possivelmente, é superior também ao super-verdão que ele mesmo, Luxemburgo, nesta década de 90, havia montado para quebrar o jejum de títulos palmeirenses.
Eis a verdade que o evidente que não se vê foi mostrar em Prudente: o Wanderley Luxemburgo superou o Wanderley Luxemburgo.
*
Corre por aí que a defesa do Corinthians chegou à era do futebol total.
O zagueiro Célio Silva é artilheiro. E o zagueiro Henrique é o rei na assistência. Do ataque adversário.
*
Não há dúvida que a teenbolada brasileira e os miguelitos argentinos eram, disparados, os times mais indicados para as duas vagas nas Olimpíadas de Atlanta.
Aliás, os dois merecem disputar a medalha de ouro.

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