São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996
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Palmeiras se transforma em um Ajax verde

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Palmeiras passou de uma maneira tranquila, quase zen, pelo Guarani. O time tem a tranquilidade dos senhores absolutos.
É um fenômeno nos números. Ganhou de 3 a 1. Continua invicto. Mantém a média da tripleta de gols por jogo.
Mais ainda. Mesmo em um jogo sossegado como o de ontem, por volta dos 30min do segundo tempo, o time já tinha obtido a excelente média de oito jogadas de linha de fundo -aquela que é, reconhecidamente, a mais letal do futebol contemporâneo.
Em um ataque puxado pelo Cafu, tinha seis jogadores palmeirenses na linha de conclusão. Repito: seis. É demais.
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Zapeei o jogo pelas quartas-de-final da Copa dos Campeões, ontem, entre os merengues do Real Madrid e a Juventus, de Turim, com o seu céu azul de grandes estrelas amarelas no ombro.
Real e Juve são pálidas lembranças da temporada passada, quando fizeram jornadas exuberantes -e, principalmente, praticavam, ambas, um belo futebol ofensivo.
Apesar da vitória (aliás, mirradinha, mirradinha) do seu Real, o técnico Arsenio Iglesias -histórico retranqueiro nos tempos do Deportivo La Coruña- continua sendo o mesmo: substitui muito mal, como assinalaram os comentaristas Mário Sérgio e Sílvio Lancellotti.
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Por falar em Copa dos Campeões, o atual campeão, Ajax, depois de uma temporada de quedas no Campeonato Holandês, colheu excelente resultado ao vencer o Borussia Dortmund, na casa do adversário, por 2 a 0.
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Zagallo anuncia Dunga para a Olimpíada. Indicação extemporânea, para dizer o mínimo, mas parece que o Dunga quer porque quer jogar na Olimpíada.
Para meter (ôpa, ôpa, como diriam os insetinhos do Pasquim) o meu bedelho na questão, estou entre aqueles que acham que, na Olimpíada, só deveria ser permitida a presença de jogadores com idade inferior ou igual a 23 anos.
Havia, anteriormente, uma desigualdade que era gerada pela presença dos times dos países ditos comunistas, que consideravam todos os seus jogadores como amadores e acabavam enviando para a Olimpíada a sua seleção principal.
Com a queda do Muro do Berlim e o limite da idade, este problema desapareceu. Mas restou outro, esquisito, que é essa anomalia de permitir a presença de jogadores mais velhos na Olimpíada.
(Então, por que não deixar que três jogadores até 23 anos possam participar dos sub-20? Por que não três juvenis em torneios infantis? E assim por diante, até desvirtuar totalmente os propósitos de torneios de crescimento e incentivo no fut?).
Algumas seleções européias estão dispostas a só convocar para a Olimpíada jogadores que não estouraram o limite de idade, abrindo mão da possibilidade das três vagas dos marmanjos.
Estão corretíssimas. Marmanjo, se é bom de bola, disputa a Copa do Mundo. E deixa o torneio olímpico para a teenbolada mostrar a sua competência. E tenho dito. E que assim seja.

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