São Paulo, domingo, 10 de março de 1996 |
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Planalto faz promessas aos parlamentares "fiéis"
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O presidente Fernando Henrique orientou o ministério a dar prioridade a deputados e senadores fiéis na hora do atendimento político. A diretriz é a segunda parte da estratégia governista para tentar reverter a pior crise parlamentar desde que os tucanos chegaram ao poder. Ela é baseada em dois verbos: "exemplar" para depois "ternurar", esse um dos mais conjugados pelo vice Marco Maciel. "Exemplados" (ou seja, castigados exemplarmente), no caso, serão deputados como Vicente Cascione (PTB-SP) e Paulo Heslander (PTB-MG), que foram atendidos em seus pedidos, inclusive de cargos, mas têm reiteradamente votado contra a orientação do Planalto. A segunda parte da tática é fruto de uma ponderação de tucanos e pefelistas feita a FHC: retaliar de modo amplo só agravaria a situação do governo no Congresso. Optou-se então por uma saída combinada. Se o Planalto não cumprisse ao menos em parte a ameaça, sairia ainda mais desgastado. Daí a escolha de alguns casos para punições exemplares. Entretanto o diagnóstico unânime dos líderes governistas é que isso não basta, falta um acompanhamento mais atento das reivindicações dos aliados. Segundo o Planalto, Fernando Henrique "vai estar mais próximo do Congresso". Quando não pessoalmente, por intermédio dos ministros. "Mudará a relação do governo com o Congresso. Haverá uma ação mais cotidiana, para consolidar as parcerias. E haverá também mais comunicação institucional do governo para mostrar a sociedade a necessidade das reformas", diz o líder do PSDB, José Aníbal. Na parte da comunicação haverá ao menos mais uma mudança. O presidente foi aconselhado a falar menos e a não repetir com a frequência das últimas semanas as críticas ao Congresso. Essa nova atitude é resumida assim por alguns parlamentares: "Diminuir a arrogância e ser mais firme no apoio aos aliados". "Há um excesso de prepotência dele e de seus representantes no Congresso. Parece -não sem motivo- um defeito da velha esquerda: acham que são os portadores da verdade e que qualquer um que os contradiga é fisiológico", alfineta Delfim Netto (PPB-SP). Outros são mais otimistas. "O Oriente é próprio para a meditação. Espero que na volta, com a cabeça fria, ele tome decisões mais resolutas", instiga Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), referindo-se à viagem de FHC ao Japão. O teste para ver se a estratégia deu certo será na próxima votação na Câmara. Se o governo vencer, a crise deve ser esquecida. Mas, se o Planalto perder de novo, mudanças mais profundas são previstas. A começar pelos líderes do governo. E já há quem fale, de novo, em um articular político com uma caneta na mão. Texto Anterior: Depois da revolução Próximo Texto: BMD decide processar o ex-procurador do BC Índice |
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