São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996 |
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Argentina vende mais peixe que carne
DENISE CHRISPIM MARIN A região do pampa perdeu a importância que tradicionalmente possuía no comércio exterior da Argentina para a faixa de 200 milhas que se estende pela costa litorânea do país.Nos últimos anos, a exportação de pescados superou a de carne bovina e derivados -atividade que continua pesando nas vendas da Argentina ao exterior. No ranking de exportação do país, o setor vinculado à produção de carne bovina e derivados figura em 14º lugar, quatro pontos atrás da atividade pesqueira. O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censo) estima que, no ano passado, o país tenha embarcado para o exterior USŸ 292,6 milhões em pescados contra USŸ 140,15 milhões em carne. Ou seja, a exportação de pescados chega a ser 108% maior que a de carnes bovinas e derivados -e isso em um ano considerado ruim pelos próprios empresários pesqueiros. Em 1994, a diferença foi ainda maior. O total de pescados exportados foi de USŸ 280,42 milhões, cifra 226,4% superior à venda de carnes ao exterior. Investimento A intensificação da atividade pesqueira no Argentina começou há quatro anos, quando investimentos maciços de empresas nacionais e estrangeiras foram destinados ao setor. Estima-se que, desde o início dos anos 90, USŸ 400 milhões foram injetados na compra de barcos e na construção de novas plantas industriais destinadas ao setor pesqueiro na Argentina. Neste período, a captura de peixes saltou de 544,9 mil toneladas para 1,05 milhão de tonelada calculados para 1995 -um aumento de 92,6%. No ano anterior, esta atividade econômica havia somado 938,6 mil toneladas. Segundo Marcelo Aronzon, da Câmara de Armadores de Pesqueiros Congeladores da Argentina, uma das principais razões pelas quais a venda de pescados passou a pesar mais na balança comercial está na relação entre produção e consumo interno. O argentino consome em média quatro a cinco quilos de pescados por ano. E assim se manteve mesmo com o incremento da captura. Em contrapartida, devora 66 quilos de carne bovina no mesmo período -em 1986, chegou a 85 quilos anuais. Vendas externas O maior mercado comprador de pescados argentinos atualmente é o Japão, com 23,4% do total exportado pelo país. A Espanha vem logo em seguida, com 18,9%. O Brasil participa com a compra de 10% da produção pesqueira argentina -em especial, merluzas congeladas. De acordo com Aronzon, um dos principais focos de atração de novos investidores no setor foi a descoberta de uma espécie de rara de lula, existente apenas em algumas regiões polares. Com alta demanda no mercado europeu, essa espécie foi responsável por cerca de 21% do total capturado em 1994 por barcos na costa argentina. Mas a merluza ainda tem o primeiro lugar, com 46,3% da produção. Texto Anterior: 'Só diria não se fosse burro' Próximo Texto: Pescado tem mercado 'top' Índice |
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