São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Morador pesca apenas à noite

PAULO ZOCCHI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURURUPU (MA)

O pescador albino Edinaldo Louzeiro Silva, 24, não sabe o que é uma consulta médica. No dentista, foi uma vez na vida.
Ele é cuidadoso, porém, e aprendeu a evitar o sol. Passa a maior parte do dia descansando no rancho e vai pescar após o pôr-do-sol. Junto com o tio e um amigo, puxa rede três horas por noite.
Na beira d'água, os três têm um grande caldeirão onde colocam o resultado da pesca e deixam cozinhar no sal. Seco e salgado, o camarão dura até 30 dias sem estragar e pode ser negociado com os navios que circulam na região.
No final do mês, eles conseguem obter cerca de R$ 100 para cada um.
Os cuidados de Edinaldo com o sol vêm do berço. Sua mãe, Iraildes Silva, 41, teve dois albinos entre seus dez filhos. A outra é a menina Edna, 15. Iraildes sempre cuidou de perto da proteção deles.
Edna não faz carvão, como as meninas de sua idade. De dia vai à escola local e ajuda a mãe nas tarefas de casa. Sai ao sol principalmente para pegar a água de beber que, nesta época do ano, brota no areal que domina a ilha.
(PZ)

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