São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Monastério existe desde 495

DO ENVIADO ESPECIAL A DENGFENG

Fundado em 495, o Templo Shaolin deixou de ser um refúgio para meditação e treinamento de monges budistas quando, em 610, 13 de seus habitantes saíram em socorro do líder militar chinês Li Shimin. Este lutava pelo trono e, oito anos depois, já vitorioso, fundou a dinastia Tang (618-907).
O imperador Li Shimin reconheceu a contribuição decisiva dos monges lutadores e patrocinou um dos momentos de maior prosperidade para o Templo Shaolin.
Em 1553, os monges cravaram outro feito heróico. Um grupo de 40 lutadores, liderado por Yue Kong, desceu a montanha de Songshan, onde fica o templo, para impor uma impiedosa derrota a invasores japoneses.
Na dinastia Ming (1368-1644), o Templo Shaolin chegou a abrigar cerca de mil monges e discípulos. Seus inimigos mais implacáveis, os comunistas, ainda estavam a uma distância de séculos.
A revolução comunista de Mao Tse-tung triunfou em 1949 prometendo apagar heranças da China feudal e o Templo Shaolin e seus monges apareciam como vestígios do passado imperial.
O templo não foi fechado, mas enfrentou a tormenta do período mais ortodoxo do regime comunista. Durante a Revolução Cultural (1966-76), Mao Tse-tung incentivou os "guardas vermelhos" a cruzarem o país em busca de heranças da era pré-revolucionária, a fim de destruí-las.
"Vários prédios do templo foram depredados", recorda Su Xi, 78, o monge mais velho de Shaolin. O apetite destruidor dos "guardas vermelhos" não se mostrou suficiente para nocautear o berço do kung-fu, mas obrigou-o a entrar num período de quase sonolência.
Com as reformas econômicas deslanchadas no final da década de 70, o Templo Shaolin entrou numa nova era dourada. Os monges lutadores não são tão numerosos como na dinastia Ming, mas os cofres passam a contabilizar mais recursos do que nas últimas décadas.

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