São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Guru 'light' seduz classe média paulistana

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um espírito está em alta entre os esotéricos de São Paulo. É Saint Germain (pronuncia-se San German), que, para seus seguidores, já viveu em Atlântida, foi pai de Jesus e assumiu a forma humana pela última vez na Europa do século 18.
O apelo de Saint Germain para a classe média é forte. A base dos ensinamentos atribuídos a ele é a liberdade, que se traduz em formas de culto flexíveis e poucas regras de comportamento a serem seguidas.
Os rituais são praticamente deixados de lado e, conforme a escola, variam de orações silenciosas feitas individualmente, em casa, à entoação de mantras (ver quadro abaixo) por alguns minutos diários.
"O que me fascinou no sistema a que pertence Saint Germain foi a praticidade. Você começa a falar os mantras e já sente resultados. Não tem aquela coisa de estudar 20 anos", afirma o publicitário Américo Barbosa, 41, presidente da Summit Lighthouse no Brasil.
A Summit tem sede nos Estados Unidos e diz trabalhar com outros espíritos além de Saint Germain. Segue o que chama de "ciência da palavra falada", que atribui grandes poderes ao som da voz.
"Pessoalmente, eu diria que a mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por qualquer um, no mundo todo, mas para entrar você precisa da senha, que é o mantra", explica Barbosa.
Nada mais simples. No caso de Saint Germain, uma frase a ser repetida é: "Eu sou um ser de fogo violeta. Eu sou a pureza que Deus deseja." Há mantras mais longos.
O grupo mais numeroso na Summit Lighthouse no Brasil é o dos profissionais liberais. "Cerca de 35% a 40% dos que frequentam as reuniões são liberais", afirma Barbosa. "Mas há muitos empresários e também gente de menor poder aquisitivo", acrescenta.
Contato direto
Para entidades como a Fraternidade Pax, livros e orações em voz alta não são a melhor maneira de se comunicar com Saint Germain.
"Preferimos as orações silenciosas", conta Carmen Lúcia Balhestero, 34, fundadora da Pax. Para ela, isso se deve ao fato de Saint Germain ser "um espírito light".
"Ele nos pede para não fazer coisas carregadas, não criar dependência em relação a mestres terrenos e abrir o acesso ao maior número possível de pessoas", diz Carmen, que afirma ter contato direto com espíritos (leia texto).
Como acontece nas demais linhas, a Pax organiza grupos de discussão e meditação em sua sede. Mas, se o interessado quiser estudar e rezar por sua conta, "o efeito é o mesmo", afirma Carmen.
Ela recomenda o uso de roupas violetas -cor de Saint Germain- para os chelas (discípulos).

Telefones:Summit Lighthouse em SP - (011) 275-6798; Fraternidade Pax - (011) 290-3002

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