São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Vigilante deixa garoto tetraplégico

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brasília contabiliza pelo menos dois casos recentes da ação de seguranças clandestinos -um envolve um foragido da Justiça; o outro é um exemplo típico de despreparo.
O ex-vigilante Belces de Oliveira Barros, 32, é considerado um "monstro" por sua própria ex-mulher, Juraci Dias Magalhães, 37, que o trouxe de Minas, em 95.
Juraci arrumou-lhe emprego como segurança de um balneário em um clube na cidade de Planaltina.
Contratado sem necessidade de apresentar os antecedentes criminais, como permite a lei, Belces matou e estuprou quatro frequentadores do clube.
Segundo apurou a polícia, ele usou uma tesoura e um fio de náilon para assassinar os irmãos Caio, 12, e Cássia Santos, 9, e os namorados Lideive Enes, 16, e Daiane Oliveira, 16.
A ex-mulher não sabia que ele era foragido da Justiça de Sete Lagoas (MG), onde havia sido condenado pelo assassinato de um motorista de táxi. "Sou inocente, apanhei para confessar o crime", disse Belces à Folha. A polícia nega a tortura.
Despreparo
O estudante e vigia de um prostíbulo Anelson Fernandes Cardoso, 23, é a prova de que boa parte dos seguranças não recebe treinamento para enfrentar as situações mais banais da profissão.
Sem antecedentes criminais, Cardoso fazia serviços de segurança como "bico", mas nunca tinha portado arma. No dia 1º de novembro de 95, ao fazê-lo pela primeira vez, deixou tetraplégico o menino Moisés Ribeiro da Costa Juvêncio, 13.
Ao abrir a porta do prostíbulo, Anelson viu Moisés levantar a camisa e disparou. O menino tentava roubar um toca-fitas quando o vigia apareceu.
"Eu levantei a camisa para mostrar que estava desarmado", lembra Moisés, na cadeira de rodas. "Pensei que ele estivesse com uma faca na cintura", defende-se o vigia.
Belces está no presídio da Papuda, em Brasília. Anelson espera o julgamento em liberdade por ser réu primário.

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