São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Contratações legais caem 23% no Rio

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

A proliferação dos serviços de segurança clandestinos diminuiu em 23% o número de empregados das empresas legalizadas do Rio nos últimos quatro anos.
Segundo o Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância do Estado, triplicou no mesmo período o número de vigilantes clandestinos, em sua maioria policiais.
Em 1992, segundo o presidente do sindicato, Carlos Cure, 60 empresas credenciadas pela Polícia Federal empregavam 65 mil vigilantes. Hoje, são 108 empresas oficiais, com 50 mil trabalhadores cujo treinamento é, pelo menos teoricamente, fiscalizado pela PF.
A diária média de um vigilante legal, segundo ele, custa cerca de R$ 48,00. A de um clandestino, que não paga imposto, sai por menos da metade: R$ 20,00.
O número de empresas aumentou devido à regularização de firmas clandestinas denunciadas à Polícia Federal. Só o sindicato fez 139 denúncias em 1995.
As estimativas são de que mais de 100 mil seguranças clandestinos armados atuem no Rio, principalmente em boates, casas de espetáculo, bares da orla marítima, condomínios das classes média e alta e ruas da zona sul.
"Não temos tempo de caçar as empresas clandestinas. Nosso trabalho já é grande demais com as legalizadas", afirma o superintendente da PF no Estado, Jairo Kullmann, Kullmann.
Denúncias
O presidente do sindicato dos vigilantes, Fernando Bandeira, atribui a falta de repressão aos interesses de policiais civis e militares, donos ou parentes de proprietários das empresas não-oficiais.
"Cansamos de encaminhar denúncias à PF e ao Ministério da Justiça. Nada anda porque esbarra nos interesses de policiais, bombeiros, muita gente. Quanto mais bagunçada a coisa, mais baixos os preços dos serviços", afirma Bandeira.

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